No último mês de maio, foi realizado o principal evento mundial na área de oncologia, o ASCO, encontro anual da American Society of Clinical Oncology. Uma das principais novidades foi a respeito da fertilidade nas mulheres que passam por quimioterapia, depois de um câncer de mama.
Apesar do câncer de mama ser mais prevalente nas mulheres depois da menopausa, dados revelam que de 10 a 15% dos novos casos atingem mulheres com menos de 44 anos, ou seja, em idade reprodutiva. A gravidez depois de um câncer de mama é um tema que tem chamado a atenção de especialistas no mundo todo.
Ter filhos depois dos 35 anos já é uma realidade, inclusive no Brasil. Se há 30 anos era incomum ver uma mulher grávida depois dos 35, hoje a maternidade nessa faixa etária é uma realidade. Só em São Paulo, segundo da Fundação Seade, 35,4% das mães têm entre 30 e 39 anos.
Mulheres em idade reprodutiva, que passam por um câncer de mama, precisam lidar com o comprometimento da vida e, ao mesmo tempo, com a ameaça de não poderem ter filhos, principalmente quando a quimioterapia se faz necessária e compromete a função dos ovários.
Durante o Congresso, foram apresentados dados de um estudo sobre a prevenção da menopausa precoce, chamado de POEMS (Prevention of Early Menopause Study). O estudo dividiu 218 mulheres entre 18 e 49 anos, com câncer de mama, em dois grupos. Um grupo foi induzido a entrar na menopausa, por meio do uso de um medicamento que reduz a produção do estrógeno. O outro grupo não recebeu o medicamento (grupo controle). O estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar se as mulheres que receberam o medicamento poderiam recuperar a fertilidade depois do tratamento do câncer de mama.
O resultado mostrou-se promissor. No grupo controle, 22% das mulheres tiveram problemas para recuperar a função ovariana contra apenas 8% das mulheres que receberam o medicamento. Além disso, 22% das mulheres que receberam a medicação engravidaram depois do tratamento contra o câncer, contra 11% do grupo controle.
O estudo mostrou, portanto, que as mulheres que foram colocadas temporariamente na menopausa, com o uso do medicamento, tinham duas vezes mais chance de engravidar quando comparadas às mulheres que não receberam o fármaco, sem qualquer prejuízo no tratamento contra o câncer.
O resultado é promissor e oferece esperança para as mulheres que desejam ter um filho após o câncer de mama. Vale lembrar que hoje, a estratégia mais usada, é o congelamento dos óvulos antes do tratamento. Mas, ao que parece, o futuro reserva opções para proteger a fertilidade e garantir a realização do sonho de ser mãe.