Um estudo científico chegou a um resultado interessante para as mulheres que realizam ou pretendem realizar tratamentos de fertilidade. Intitulado Risk of breast cancer in women treated with ovarian stimulation drugs for infertility: a systematic review and meta-analysis (em tradução livre: “Risco de câncer de mama em mulheres tratadas com medicamentos de estimulação ovariana para infertilidade: revisão sistemática e meta-análise”), o estudo revisou os resultados de 20 pesquisas realizadas anteriormente que investigavam se mulheres submetidas a tratamentos de fertilidade teriam risco aumentado de desenvolver tumores malignos na mama.
A conclusão do artigo publicado na revista científica Fertility and Sterility foi de que essa correlação não apontou aumento de risco em nenhum dos estudos revisados. Essa é uma notícia tranquilizadora para médicos e pacientes que têm receio de que os medicamentos que estimulam os ovários a liberar óvulos como parte do tratamento de fertilidade possam aumentar o risco de desenvolver câncer de mama. De acordo com o estudo, aparentemente, esse risco não pode ser detectado.
A seguir, você vai entender um pouco mais sobre os medicamentos de estimulação ovariana e sobre quanto ainda é preciso evoluir na pesquisa relacionada a esse tema para que haja mais certeza e segurança a respeito de eventuais riscos.
Medicamentos para estimular os ovários
Nos tratamentos contra infertilidade feminina, são usadas substâncias que imitam a ação do hormônio estrogênio, estimulando os ovários a desenvolver e liberar óvulos. Essas substâncias são o citrato de clomifeno (pílulas tomadas por via oral) e as gonadotrofinas hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) (administradas por meio de injeção). O clomifeno e as gonadotrofinas podem ser usados separadamente ou de forma combinada em alguns casos, como na fertilização in vitro.
Esse tipo de estratégia vem sendo usada desde os anos 1960, mas existe um receio de que, por ter ação similar ao estrogênio, esses medicamentos também possam estimular o desenvolvimento e/ou crescimento do câncer de mama, já que existe um tipo de tumor da mama que é sensível à ação hormonal (câncer de mama com receptor hormonal positivo).
O novo estudo elimina esse receio?
Apesar dos resutados da pesquisa trazerem um certo alívio, os autores fazem a ressalva de que ele não é conclusivo, devido a falhas na qualidade das evidências que estavam disponíveis para análise.
O estudo realizado foi do tipo meta-análise, que combina e analisa resultados de pesquisas realizadas anteriormente sobre um mesmo tema. Nesse caso, os cientistas revisaram estudos que examinaram medicamentos que estimulam os ovários e o risco de câncer de mama.
No entanto, os estudo incluídos na meta-análise foram estudos “observacionais”, “não randomizados”. Estudos “observacionais” analisam um fator de risco sem alterar quem está ou não exposto a eles. Isso significa que as mulheres que foram ou não tratadas com medicamentos estimuladores dos ovários podem ter características específicas que podem ter afetado os resultados. Já “não randomizado” significa que as mulheres nos estudos não foram selecionadas de forma aleatória para o tratamento de fertilidade. Elas escolheram se iriam usar esses medicamentos, e isso também pode afetar os resultados.
Essas ressalvas não invalidam o resultado do estudo, que é tranquilizador. Mas deixam claro que ainda é preciso continuar avançando na pesquisa a respeito desse tema para se ter ainda mais certeza e segurança na afirmação de que os tratamentos de fertilizade femininos não aumentam o risco de cancer de mama.