Entre todos os tipos existentes de câncer, o de mama é o mais prevalente nas mulheres. De acordo com evidências analisadas ao longo dos anos, aquelas diagnosticadas com a doença também possuem um risco 18% maior de desenvolver um segundo câncer quando comparadas à população em geral.
Algumas causas podem ser responsáveis por esse fato: a genética, os efeitos a longo prazo do tratamento do câncer de mama e os fatores de risco presentes entre o primeiro e o segundo câncer, como a obesidade.
Assim sendo, um estudo americano recente se propôs a examinar a associação entre o IMC no diagnóstico inicial de um câncer de mama invasivo e a incidência do segundo câncer primário. Para a análise, foram comparados registros médicos eletrônicos e de tumores de 6.481 mulheres com idades entre 20 e 84 anos, que tiveram câncer de mama entre 2000 e 2014 no Colorado e entre 1990 e 2008 em Washington.
O método
Entre os resultados de interesse da pesquisa, foram apenas considerados os segundos cânceres relacionados à obesidade que estão entre os 14 tipos descritos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer como tendo evidência suficiente para essa associação. São eles:
- Adenocarcinoma (esôfago);
- Câncer de mama pós-menopausa;
- Câncer de rim;
- Câncer de estômago;
- Câncer de intestino (cólon ou reto);
- Câncer de fígado;
- Câncer de vesícula biliar;
- Câncer de pâncreas;
- Câncer de ovário ou endométrio;
- Câncer de tireoide;
- Mieloma múltiplo;
- Meningioma.
Além das informações sobre o primeiro e segundo diagnósticos de câncer, características dos tumores e tratamento, os pesquisadores utilizaram a altura e peso de cada mulher nos períodos de 2 anos antes até 1 ano após a data do diagnóstico do câncer de mama para calcular o IMC.
Ademais, foram consideradas também algumas características variáveis que poderiam interferir no desenvolvimento da doença, como raça, idade, possíveis comorbidades e, em casos de menopausa, se havia a presença do tratamento de terapia hormonal.
Resultados apontam forte relação
Segundo os pesquisadores, a maioria das mulheres apresentava sobrepeso (33,4%) ou obesidade (33,8%) no momento do diagnóstico inicial. E, mesmo com uma grande parcela de diagnósticos no estágio I do câncer de mama, contatou-se que as mulheres obesas eram ligeiramente mais propensas a já estarem no estágio II ou III em comparação com aquelas com IMC normal.
Durante uma média de 88 meses de acompanhamento, 822 mulheres analisadas no estudo tiveram um segundo câncer diagnosticado, sendo 61,8% deles relacionados à obesidade e 40,5% um novo câncer de mama. Em conclusão, um IMC alto se mostra fortemente associado a um risco aumentado de desenvolver um segundo câncer.
No entanto, vale lembrar que os pesquisadores não tinham acesso a informações como histórico familiar ou outros fatores de estilo de vida, por exemplo, a atividade física, que também contribuem para um aumento ou diminuição dos riscos.
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Ao longo dos anos, diferentes pesquisas avaliaram a relação entre obesidade e câncer. De acordo com os pesquisadores da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, da OMS, o excesso de gordura corporal causa a inflamação crônica do organismo e aumenta os níveis de alguns hormônios, como o estradiol e a testosterona. Esse fato pode provocar o crescimento de células cancerígenas.
Por isso, este estudo americano oferece várias vantagens, como a percepção de um acompanhamento de longo prazo após o câncer de mama para prevenir um segundo diagnóstico da doença. Bem como orientações e cuidados para um estilo de vida mais saudável.