O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas (raios-X ou raios-gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores lineares de alta energia). Geralmente, a radioterapia é feita de maneira convencional, com a radiação atingindo toda a mama, e quase sempre tem efeitos colaterais como fadiga, náuseas e vômitos, reações na pele, perda de cabelo, entre outros.
Porém um estudo recente realizado pelo Institute of Cancer Research, no Reino Unido, e publicado no jornal científico The Lancet, mostrou que pacientes com câncer de mama que receberam uma radioterapia direcionada (parcial) ao local original do tumor tiveram menos efeitos colaterais cinco anos após o tratamento do que aquelas que fizeram a radioterapia em toda a mama. Além disso, os pesquisadores disseram que foi pouco provável que o câncer retornasse.
No estudo, foram avaliadas mais de 2 mil mulheres com idades a partir dos 50 anos que apresentavam câncer de mama em estágio inicial e com baixo risco de recorrência da doença. Após a cirurgia de conservação, algumas delas foram tratadas com radioterapia de mama total, o que é padrão nesses casos, enquanto outras receberam a radioterapia parcial. Essas relataram menos mudanças a longo prazo na aparência e na sensação da mama do que aquelas que fizeram a radioterapia convencional.
Os pesquisadores explicaram que os estudos foram realizados porque havia evidências de que quando há recindiva da doença, geralmente o tumor volta perto do local do tumor original, o que sugere que algumas mulheres podem estar recebendo uma dose de radiação desnecessária em toda a mama.
E o mais animador é que esse tipo de radioterapia direcionada pode ser realizada em máquinas de radioterapia padrão, o que pode fazer com que os resultados do estudo sejam melhor aceitos nos centros de radioterapia, o que pouparia muitas mulheres do desconforto físico e de problemas emocionais que podem ser causados pelos efeitos colaterais do tratamento.
Radioterapia intraoperatória
Em 2013, um estudo realizado pelo Dr. Sílvio Bromberg com 100 pacientes, com idade média de 65 anos e na fase pós-menopausa, apontou que a radioterapia parcial é uma técnica viável e promissora, mas que deve ser indicada em casos selecionados.
Há alguns meses, Dr. Bromberg começou a aplicar a radioterapia intraoperatória com outra técnica – procedimento no qual a radiação é direcionada diretamente no tumor enquanto ele está exposto durante a cirurgia – no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com a técnica Intrabeam. Essa técnica tem como vantagens poupar a pele dos efeitos da irradiação e facilitar a vida pessoal das pacientes. Além disso, não é necessário atrasar o tratamento radioterápico, que algumas vezes é postergado devido à quimioterapia adjuvante. Segundo o Dr. Bromberg, a técnica não interfere no planejamento cirúrgico e nem no resultado estético da cirurgia.