Em um caso inédito, uma nova abordagem de imunoterapia eliminou o câncer de mama avançado de uma mulher que já não respondia a outros tratamentos. O experimento foi publicado na revista científica Nature Medicine e representa um avanço no tratamento do câncer.
A vida da norte-americana Judy Perkins, de 49 anos, mudou completamente há dois anos. Judy estava com câncer de mama avançado, com metástase, quando recebeu o prognóstico de que teria apenas mais três meses de vida. Ao não responder mais a nenhum tipo de tratamento, como quimioterapia e hormonioterapia, ela foi selecionada para os testes de um novo tratamento.
Tratamento ainda é experimental
Segundo os médicos, após o tratamento com a imunoterapia experimental, não apareceram mais vestígios do câncer no corpo de Judy. “Cerca de uma semana depois (do tratamento pioneiro), eu comecei a sentir algo. Eu tinha um tumor no peito e conseguia senti-lo encolher”, disse Judy à BBC.
Atualmente, ela leva uma vida normal, praticando atividades físicas, como caminhadas e expedições de caiaque. De acordo com os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, o tratamento pode ter efeito transformador em todas as terapias de combate ao câncer.
O que é imunoterapia?
A imunoterapia usa o próprio sistema imunológico do paciente para destruir as células tumorais que se formam no organismo. Nesta nova abordagem testada em Judy, foi utilizada uma forma modificada da “transferência de células adotivas”, segundo o estudo.
Os pesquisadores analisaram o tumor da paciente geneticamente e identificaram 62 mutações. A partir disso, eles testaram diferentes linfócitos infiltrantes de tumores, que são extraídos da paciente, para encontrar os que eram capazes de reconhecer uma ou mais das proteínas com mutações.
Eles conseguiram reconhecer quatro das proteínas mutantes e expandiram e injetaram os linfócitos de volta no organismo da norte-americana. Os pesquisadores administraram também o medicamento pembrolizumabe. Depois do tratamento, todos os tumores da paciente desapareceram.
“Se os resultados forem confirmados em um estudo mais amplo, essa imunoterapia promete expandir o alcance desta abordagem a um espectro maior de tumores”, afirmou o médico Steven Rosenberg, chefe de cirurgias no Instituto Nacional do Câncer dos EUA.