Um atraso para o início da quimioterapia adjuvante após diagnóstico e cirurgia para câncer de mama pode afetar negativamente a sobrevida. De acordo com pesquisa publicada no Annals of Surgical Oncology, um atraso de mais de 120 dias do diagnóstico até a quimioterapia foi associado a uma redução de 29% na sobrevida global.
Entre as mulheres que foram submetidas à reconstrução mamária imediata após a mastectomia, o atraso para iniciar a quimioterapia foi relativamente maior, porém, de acordo com os pesquisadores, a diferença de tempo não era significativa. Isto é, o estudo afirma que para todos os pacientes, independentemente do tipo de cirurgia, após o ajuste para os fatores paciente, clínico e de tratamento, o atraso de mais de 120 dias do diagnóstico à quimioterapia foi associado com pior sobrevida.
Como o estudo foi realizado?
Os pesquisadores usaram o National Cancer Database para identificar pacientes com câncer de mama em estágio I-III que foram submetidas à cirurgia e que receberam quimioterapia adjuvante entre 2010 e 2014.
Foram analisadas 172.043 mulheres, das quais 90.488 (52,6%) foram submetidas à conservação da mama e 81.555 (47,4%) passaram pela mastectomia. Entre as pacientes mastectomizadas, 46.253 (56,7%) não fizeram reconstrução imediata e 35.302 (43,3%) fizeram. A mastectomia profilática contralateral foi realizada em 31.615 mulheres (38,8%).
Ao ter essa base de pacientes, o estudo tinha como objetivo avaliar a pontualidade do atendimento como um indicador de qualidade para o atendimento de casos de câncer de mama. Assim sendo, os pesquisadores analisaram o impacto do tipo de tratamento cirúrgico no tempo para a quimioterapia e analisaram como o atraso do tratamento afetava a sobrevida.
Os pesquisadores definiram um atraso na quimioterapia como superior a 120 dias desde o diagnóstico do câncer até a primeira dose da quimioterapia combinada. Eles basearam esse tempo em uma medida de qualidade de 2008 da American College of Surgeons Commission on Cancer. A comissão recomenda administrar quimioterapia combinada dentro de 4 meses a pacientes com câncer de mama com menos de 70 anos de idade com tumores negativos para receptores hormonais maiores que 1 centímetro ou estágios IB a III.
Atraso do tratamento e a sobrevida
O tempo médio desde o diagnóstico até a quimioterapia foi de 74 dias. Para 89,5% dos pacientes, a quimioterapia foi iniciada em menos de 120 dias. De acordo com a pesquisa, o atraso com 11% das pacientes entre o diagnóstico e o início da quimioterapia aconteceu em grande parte por causa de um período maior desde o diagnóstico até a primeira operação.
O estudo afirma que o tempo médio entre o diagnóstico e a cirurgia foi de 27 dias. O período foi significativamente menor para as mulheres submetidas à conservação da mama do que para as submetidas à mastectomia (25 dias versus 29 dias). Entre as mulheres que fizeram mastectomia, o intervalo mediano para a cirurgia foi maior para aquelas que foram submetidas à reconstrução do que para as que não foram (35 dias versus 26 dias).
Embora houvesse diferenças entre o tempo de início da quimioterapia de acordo com cada tipo de cirurgia, a equipe descreveu as diferenças como “pequenas e não clinicamente significativas”. Todos os grupos cirúrgicos tiveram uma média de 44 dias entre a operação e a quimioterapia.
Recomendações do estudo
O estudo recomenda que os hospitais avaliem se podem reduzir o intervalo entre o diagnóstico do câncer de mama e o procedimento cirúrgico. Segundo a principal autora do estudo, Judy C. Boughey, MD, professora de cirurgia e oncologista cirúrgica da Mayo Clinic, Rochester, Minnesota, os atrasos podem acontecer devido ao acesso precário aos cuidados, à espera de uma segunda opinião e à coordenação entre cirurgiões, que é necessária para organizar a reconstrução das mamas.
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