A nossa genética nada mais é do que a herança biológica que carregamos dos nossos familiares. Apesar de não ser responsável por todas as condições que nos acometem, o histórico familiar de doenças tem seu peso e é uma importante ferramenta de prevenção.
Segundo especialistas da Universidade de Medicina Johns Hopkins, o câncer é uma condição que possui forte relação com a genética. Dependendo do gene específico herdado e dos casos apresentados na família, o risco de uma pessoa desenvolver algum tipo da doença pode chegar a 80%.
Para as mulheres, o histórico familiar de câncer de mama, em específico, representa o motivo de cerca de 10% dos casos, incluindo aqueles relacionados aos genes do câncer de mama (BRCA).
Quando a genética influencia no câncer de mama
Ao analisarmos o histórico familiar de câncer e as chances de uma pessoa desenvolver a doença, é importante primeiro considerar o grau de relação entre ela e os parentes que já passaram pela condição. Sendo assim, o risco é maior quando os familiares com esse histórico são de primeiro e/ou segundo grau, como pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, para o câncer de mama, o fator de risco genético é mais preocupante nos casos em que:
- Um (ou mais) parentes mulheres de primeiro ou segundo grau foram diagnosticadas com câncer de mama com idade igual ou menor que 45 anos.
- Alguma das mulheres da família apresentou um câncer de mama triplo negativo diagnosticado aos 60 anos ou menos.
- Uma mesma familiar passou por câncer primário de ambas as mamas, um câncer de ovário – considerado muito agressivo – ou então câncer de mama e de ovário.
- Os parentes homens apresentaram câncer de mama masculino.
- Dois ou mais parentes de primeiro ou segundo grau, do mesmo lado da família, tiveram câncer de mama e pelo menos um dos quadros foi diagnosticado antes dos 50 anos.
- Três ou mais parentes de primeiro ou segundo grau, do mesmo lado da família, tiveram câncer de mama ou de próstata de alto grau (em qualquer idade).
- A família possui casos de câncer de colo de útero e a relação é de mães, avós ou irmãs.
- No caso do câncer de mama ligado à mutação dos genes BRCA 1/2, quando os membros da família apresentam a doença antes dos 35 anos de idade.
Isso não quer dizer que todas as mulheres dessas famílias desenvolverão câncer de mama, outros fatores como o estilo de vida e a presença de comorbidades podem influenciar positiva ou negativamente.
No entanto, o risco para essas mulheres é muito maior do que para o resto da população em geral. Por isso, conhecer o histórico de câncer da família também oferece ao paciente e ao médico informações essenciais para avaliar a necessidade de testes genéticos e de um acompanhamento periódico.
Cuidados para quem possui histórico familiar de câncer de mama
O check-up anual para rastreamento e/ou possíveis diagnósticos de doenças é uma recomendação para qualquer mulher, mesmo aquelas que não possuem o histórico familiar de câncer de mama ou outro tipo da doença. Os cuidados devem incluir:
- O autoexame das mamas, conhecendo seu próprio corpo para identificar possíveis alterações precocemente.
- Realização de consultas com seu médico de confiança e os exames da mama a cada um ano.
- Início das mamografias a cada dois anos a partir dos 40-50 anos.
- Consulta a um médico imediatamente após encontrar uma alteração mamária.
No entanto, a partir das informações familiares trazidas pelas pacientes, é possível avaliar se elas pertencem ao grupo de alto risco e recomendar algumas orientações mais específicas para a prevenção do câncer de mama.
Por exemplo, os exames de rastreamento, como mamografia, ultrassom e ressonância magnética, podem ser solicitados a partir dos 35 anos ou antes. Além disso, a paciente poderá precisar de um acompanhamento clínico com o médico a cada seis meses.
Nos casos em que há uma forte relação entre a história familiar e o câncer de mama, o profissional, junto à paciente, também pode determinar necessário um teste genético sanguíneo – os chamados de BRCA1 e BRCA2. Assim, é possível identificar as falhas genéticas e monitorar mais de perto as chances de desenvolver a doença.
Em conclusão, conhecer a história da sua família e as condições presentes nela que possuem o fator genético como um risco faz parte das ações para prevenir o câncer de mama e outras doenças. Esse conhecimento aumenta a chance de um diagnóstico precoce e eleva o sucesso do tratamento e a probabilidade de cura.