Os métodos anticoncepcionais são recomendados para evitar uma gravidez e podem ser de diferentes tipos, como camisinha, DIU (dispositivo intrauterino) e pílulas anticoncepcionais orais. Antigamente, por causa das doses altas de hormônios, os contraceptivos orais eram frequentemente ligados ao câncer de mama. Mas com a evolução nos medicamentos, a preocupação abrandou. Vamos falar hoje sobre se existe ou não uma relação entre a pílula anticoncepcional e o câncer de mama.
O que são as pílulas anticoncepcionais?
De acordo com a National Cancer Institute, as pílulas anticoncepcionais são medicamentos que contêm hormônios e são tomados por via oral para prevenir a gravidez. Elas evitam a gravidez ao inibir a ovulação e também ao impedir que os espermatozoides penetrem no colo do útero.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, entre as mulheres de 15 a 49 anos sexualmente ativas 12 meses anteriores ao levantamento, no Brasil, 80,5% usavam algum método para evitar gravidez e o mais comum, considerando a eficácia, foi a pílula (40,6%).
Os tipos mais comuns das pílulas contêm versões sintéticas dos hormônios femininos naturais estrogênio e progesterona. Mas também existe outro tipo de pílula anticoncepcional que contém apenas progesterona.
Anticoncepcional aumenta risco de câncer de mama?
Não existem dados definitivos que permitam uma associação de risco entre o uso de pílula anticoncepcional e o aumento da incidência de câncer de mama.
Um dos últimos grandes estudos, que foi publicado no New England Jornal of Medicine, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, mostrou que o risco de câncer de mama é ligeiramente maior para as usuárias de anticoncepcionais em relação àquelas que nunca recorreram ao medicamento. Mas, este risco deve ser analisado individualmente junto a outros fatores, como:
- Idade;
- Saúde geral;
- Risco pessoal de câncer de mama;
- Hábitos como fumar, beber álcool e manter um peso saudável.
O estudo também afirma que o risco é elevado na medida em que aumenta o tempo de uso tanto para as mulheres que usam atualmente quanto para as que utilizaram no passado.
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Reposição hormonal com apenas estrogênio é associada a menor incidência de câncer de mamaComo a pesquisa foi realizada?
A pesquisa foi realizada com 1,8 milhão de mulheres da Dinamarca, de faixa etária entre 15 e 49 anos, que não tinham tido câncer, assim como não tinham tido tromboembolismo ou feito tratamento para infertilidade.
Assim sendo, a partir dos dados de registro nacional, os pesquisadores obtiveram informações individualizadas sobre o uso de anticoncepcionais orais, diagnóstico de câncer de mama e fatores que pudessem confundir as informações. As pacientes foram acompanhadas por cerca de 10 anos e foram identificados 11.517 casos de câncer de mama.
Houve um caso a mais de câncer do que o esperado para cada 7.690 usuárias de anticoncepcionais hormonais. Isto é, quando os dados foram comparados com os de mulheres que nunca usaram anticoncepcionais hormonais, o risco relativo de ter câncer de mama foi 20% superior em relação às não usuárias. Além disso, o estudo mostrou que o risco foi 9% superior a partir de um ano de uso de até 38% superior a partir de 10 anos de uso.
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Entenda a relação entre silicone e câncer de mamaBenefícios da pílula anticoncepcional
Por outro lado, o estudo também mostrou que o uso da pílula está associado a uma diminuição do risco de desenvolvimento de câncer de ovário e tem outros benefícios.
“O risco de câncer de mama precisa ser equilibrado em relação aos benefícios do uso de anticoncepcionais orais”, escreveu David Hunter, professor de epidemiologia e medicina da Universidade de Oxford, em um editorial do New England Journal of Medicine, que acompanhou o estudo.
“Além do fato de que eles fornecem um meio eficaz de contracepção e podem beneficiar mulheres com dismenorreia ou menorragia, o uso de anticoncepcionais orais está associado a reduções substanciais nos riscos de câncer de ovários, do endométrio e colorretal mais tarde na vida. De fato, alguns cálculos sugeriram que o efeito líquido do uso de anticoncepcionais orais por 5 anos ou mais é uma ligeira redução no risco total de câncer”, afirmou.
Usar ou não usar pílula?
Desta forma, este estudo ressalta a importância da tomada de decisão compartilhada no aconselhamento de mulheres sobre contracepção. A paciente deve sempre consultar seu médico para informações atualizadas sobre benefícios e riscos dos contraceptivos para seu caso.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) reforça que não há necessidade de as mulheres interromperem o uso do anticoncepcional que já utilizam. O ideal é que cada usuária do método avalie ou discuta com seu médico sobre os riscos e os benefícios desta decisão. De acordo com a entidade, o aumento de risco é relativo e depende muitas vezes da idade, histórico familiar e tempo de uso.
Quem teve câncer de mama pode tomar anticoncepcional?
A Breastcancer.org lembra que é extremamente importante saber que, se você foi diagnosticado com câncer de mama, não deve usar anticoncepcionais que usem hormônios. Há evidências de que os anticoncepcionais hormonais podem aumentar o risco de o câncer voltar.
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