De acordo com o Ministério da Saúde e com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo de tumor mais temido pelas mulheres por afetar a percepção da sexualidade e da própria imagem corporal. O medo, gerado pela doença, impacta diretamente na saúde física, mental e emocional da paciente. Por isso, o suporte de um profissional da área de psicologia é importante desde o início do processo, que pode ser dividido em quatro fases: pré-diagnóstico, diagnóstico, tratamento e pós-tratamento.
Na fase do diagnóstico, é comum surgirem sentimentos de forma muito intensa, principalmente porque as mulheres percebem o câncer de mama como uma mutilação ou, ainda, como uma sentença de morte. Não importa a idade, a classe social ou o nível cultural, neste momento, as emoções vivenciadas são muito parecidas para todas as mulheres, ou seja, raiva, tristeza, ansiedade, angústia, medo e luto.
Todos esses sentimentos são gerados, não apenas pela confirmação do diagnóstico de um câncer, mas principalmente pelo fato da mama estar diretamente relacionada à feminilidade, ao prazer, à sensualidade, à sexualidade e, mais intensamente ainda, à maternidade.
Receber uma notícia como essa não é fácil e traz à tona a imponderável questão da finitude. Entretanto, cada paciente tem sua própria trajetória durante o tratamento de um câncer de mama, que pode ou não necessitar da retirada das mamas, que pode ou não causar queda dos cabelos, entre outros fatores variáveis.
Durante todo o processo, ou seja, do diagnóstico à reabilitação, a paciente com um tumor nas mamas passará por perdas, que precisarão ser elaboradas, aceitas e compreendidas. Por isso, o apoio de um profissional da área de psicologia pode contribuir para reduzir o desgaste emocional, dar orientações e conselhos. Grupos de apoio também são importantes, pois possibilitam a troca de experiências entre pessoas que passam pelo mesmo problema.
Apesar de todo o impacto emocional, vale lembrar que quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura são altas, chegando a 90% em alguns casos. As mulheres precisam se conscientizar sobre a prevenção e sobre a adoção de hábitos saudáveis de vida para prevenir o risco de desenvolver um câncer de mama. Outro ponto é que a medicina avançou muito e, quando há necessidade de uma mastectomia radical, mesmo que a mulher seja operada pelo Sistema Único de Saúde, a reconstrução é feita gratuitamente.
Entretanto, não existem regras para lidar com as emoções quando a vida é abalada pelo diagnóstico de um câncer de mama. Como médico e especialista na área, posso afirmar que se a mulher tem a oportunidade de contar com apoio psicológico e, se a paciente entende que o aspecto emocional vai influenciar, para o bem ou para o mal, no processo de tratamento e cura da doença, a jornada irá tornar-se menos árdua.
No contexto do câncer, temos profissionais especializados, os psico-oncologistas, cuja terapia visa o entendimento global do paciente e de seu processo de adoecimento, bem como fornece suporte emocional aos familiares e aos profissionais da saúde que lidam com esta doença.
A relação entre mente e corpo está mais que comprovada pelos estudiosos. Hoje, existe até uma ciência chamada psiconeuroimunologia, que pesquisa as relações entre as emoções e a imunidade, ou seja, em como a interação da mente com os sistemas nervoso, imune e endócrino trabalha para manter o organismo equilibrado. Não há como negar a influência que os fatores emocionais, somados a vários outros, exercem sobre o câncer de mama e o percurso da doença. Contudo, o resultado final depende da escolha de cada um.