Durante muito tempo, o diagnóstico de um caso de câncer de mama trazia consigo o fim das chances da paciente engravidar. O que partia de uma recomendação médica, hoje, mudou. A ideia de que mulheres tratadas do câncer de mama não podem engravidar não passa de um mito!
O câncer de mama está, cada vez mais, atingindo mulheres mais jovens. Cerca de 5 a 15% das pacientes que são diagnosticadas com câncer de mama estão em idade reprodutiva, fator que aumenta, ainda mais, as preocupações a respeito da possibilidade de engravidar após um tratamento.
O mito de que a mulher não poderia, de modo algum, ter um filho após o diagnóstico de um tumor nas mamas baseava-se no fato de que pela gravidez provocar, normalmente, uma série de alterações hormonais no corpo, mulheres que engravidassem estariam mais propensas à reincidência da doença.
Qual é o efeito de engravidar após tratamento de câncer de mama?
No entanto, o risco de câncer de mama não ocorre bem assim. Uma pesquisa, divulgada no início de 2010, pelo centro de ginecologia e obstetrícia do The Royal College, durante uma conferência na Espanha, provou que engravidar após o tratamento de um tumor nas mamas pode, inclusive, diminuir as chances de metástase. Porém esses dados, referentes às metástases, não se repetiram em outros estudos. Com isso, a gestação, após um caso da doença, não estaria mais associada ao risco extra de câncer.
O mais aconselhável para as mulheres que sonham em engravidar, mesmo após um câncer de mama, é evitar a gravidez por, pelo menos, dois anos após o diagnóstico da doença. Esse é tempo considerado mais sensível para a reincidência do câncer.
Tratamentos de tumores podem afetar a fertilidade?
É importante ressaltar que os tratamentos para o câncer de mama como a quimioterapia e a radioterapia são bem agressivos e podem, sim, comprometer a fertilidade da mulher. A quimioterapia exerce sua função sobre todas as células do organismo. Assim, ela destrói não só as cancerígenas, como também algumas saudáveis, em processo de divisão. Os óvulos se enquadram nessa categoria.
Portanto, a quimioterapia pode mexer com o sistema reprodutivo, diminuindo o número de óvulos. Por isso, sempre que possível, sugerimos às pacientes que congelem os óvulos antes do início do tratamento. Existem situações que após a quimioterapia, a menstruação retorna meses ou até anos depois do tratamento do câncer de mama.
No entanto, deve-se atentar ao fato de que todos esses efeitos são variáveis de acordo com o organismo de cada paciente. Algumas mulheres, mesmo após o tratamento do câncer de mama, conseguem engravidar naturalmente.
Devo congelar meus óvulos?
Alguns meios asseguram que mulheres em idade reprodutiva possam ter filhos após o tratamento de um câncer. O método de congelamento de óvulos é o mais eficaz, garantindo assim, que, mesmo se a paciente sofra algum dano no sistema reprodutivo durante a quimioterapia ou radioterapia, ela ainda seja capaz de gerar um filho.
O congelamento de óvulos só pode ser feito antes de iniciar o tratamento do câncer. Muitas vezes, congelar óvulos torna-se uma garantia e um estímulo para a paciente enfrentar o câncer de mama. O fato de já saberem que, mesmo depois da quimioterapia e da radioterapia, a mulher ainda poderá ter seu filho, além de confortar, motiva a paciente.
Portanto, frente a estas novas perspectivas, é importante ressaltar que a conversa entre mastologista e paciente é essencial para debater uma possível gravidez depois do tratamento de um câncer de mama. Planejar-se antes de iniciar a terapia é fundamental para garantir que, após o câncer de mama, a mulher poderá ter um filho.