Um estudo realizado no Brasil identificou a situação da assistência aos pacientes com câncer de mama. Um dos dados mais interessantes foi a descoberta de que pacientes com menos de 40 anos apresentaram menos casos de doença no estágio I e mais do câncer de mama localmente avançado, no estágio III, quando comparado àquelas com mais de 40 anos.
A pesquisa, chamada Amazona III, foi apresentada pelo Instituto Avon, Gbecam (Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama) e a Lacog (Latin American Cooperative Oncology Group).
Como o estudo foi realizado?
A pesquisa foi feita com 2.950 mulheres de 22 centros de saúde em nove Estados do país. Todas haviam descoberto o tumor entre janeiro de 2016 e março de 2018, e tinham mais de 18 anos de idade. Para comparar as características epidemiológicas e clínicas, as participantes foram divididas em dois grupos de acordo com a idade: menos de 40 anos e mais de 40 anos.
O câncer de mama avançado em mulheres jovens
O câncer de mama não é comum em mulheres com menos de 40 anos, porém, segundo o estudo, ele pode ser mais perigoso. Ao todo, 486 (17%) das participantes desta pesquisa tinham menos de 40 anos de idade. De acordo com o estudo, este grupo de pacientes apresentou subtipos do câncer de mama mais agressivos e em estágio avançado quando comparadas às mulheres mais velhas. 36,8% estavam no estágio III da doença, considerado localmente avançado.
A doença diagnosticada em estágio I ocorreu em 19,2% dos pacientes com idade igual ou menor que 40 anos e 27,8% em mulheres com mais de 40 anos. Já em relação à mastectomia, mulheres mais jovens foram submetidas a este procedimento com mais frequência do que as mais velhas.
A pesquisa ainda indica que as mais jovens tinham um nível educacional mais alto, a maioria estava empregada e um número significativo era casado. Em relação aos hábitos sociais, o estudo afirma que as mulheres do grupo com menos de 40 anos fumaram menos e consumiram mais álcool do que as mulheres mais velhas.
De acordo com os pesquisadores, as causas da maior prevalência de tumores avançados neste grupo merecem investigação adicional, pois isso poderia gerar ações e políticas públicas para reduzir o diagnóstico em estágio avançado. Eles afirmam que cerca de 66% dos casos foram detectados por apresentarem algum sintoma. Apenas 34% tiveram o diagnóstico por exame de imagem (mamografia/ecografia). Isto sugere que as mulheres não têm mantido a rotina de visita ao médico e exames de rastreamento do câncer de mama regulares.
Assistência pública e privada
Os dados mostram que as pacientes diagnosticadas no sistema público (SUS) apresentaram doença mais avançada (33% estágio III), enquanto no setor privado apenas 14% dos casos estavam no mesmo estágio. Já no sistema privado, os diagnósticos no estágio I representam 41%, enquanto no público, apenas 18%.
O trabalho dos pesquisadores começou em 2016 e a análise continuará a ser feita até 2021.