A cada dia, surgem novidades para o tratamento do câncer de mama, o que é uma ótima notícia para os médicos e para as mulheres que passam pela doença. Recentemente, o National Health Service (NHS), sistema público de saúde do Reino Unido, anunciou que está avaliando o uso da radioterapia única para tratamento do câncer de mama em estágio inicial.
Este tipo de radioterapia chama-se intraoperatória (IORT). Ela é emitida por uma sonda inserida no interior do seio, após a remoção do tumor. A sonda emite radiação no local exato da operação por cerca de 30 minutos, em uma única sessão.
Atualmente, essa técnica já é utilizada em países como Estados Unidos, Alemanha, Austrália e Itália. Em estudos realizados com mais de 2 mil mulheres com câncer de mama, a técnica mostrou efeito semelhante à radioterapia convencional.
Em 2013, eu conduzi um estudo no Hospital Israelita Albert Eistein para avaliar a experiência inicial de implementação e aplicação de radioterapia única e intraoperatória, em pacientes selecionadas com diagnóstico de câncer de mama em estágio inicial. O estudo também avaliou a recorrência local e os eventos adversos (complicações locais).
A conclusão do meu estudo foi que a radioterapia parcial é uma técnica viável e promissora, mas que deve ser indicada em casos selecionados, pelo menos até que tenhamos um maior tempo de seguimento que proporcione maior segurança para indicá-la em nossa rotina, como fazemos com a radioterapia convencional.
A vantagem deste tratamento é que é feito em uma única sessão, ainda durante a cirurgia para retirada do tumor. Hoje, quando há indicação de radioterapia, a mulher passa por pelo menos 15 sessões, o que aumenta os efeitos colaterais, como cansaço, perda de apetite, dificuldade para se alimentar, reações na pele, entre outros.
Além disso, a dose única pode prevenir danos potenciais a órgãos como coração, pulmão e esôfago. Mas, é preciso aguardar os resultados em longo prazo, já que o procedimento é recente. Além isso, só é indicado para mulheres acima de 50 anos, como tumores menores que 3 cm, entre outros critérios definidos pelo médico mastologista.
Problemas como distância dos grandes centros, dificuldades financeiras, de transporte, idade, mobilidade urbana, entre outros, muitas vezes são impeditivos para a mulher fazer o tratamento correto depois de uma cirurgia de câncer de mama. Portanto, esta nova técnica pode ser muito útil para diminuir a interrupção do tratamento programado.
Como vimos, o novo tratamento tem muitas vantagens e novos estudos devem ser feitos para avaliar a sua eficácia. O mais importante é que as mulheres continuem a fazer os exames preventivos, além de cuidar da própria saúde, por meio da adoção de hábitos saudáveis, como alimentar-se de forma correta, praticar atividade física, gerenciar o estresse e manter o peso ideal.