Uma cirurgia para câncer de mama pode ser parte importante do tratamento em diversos casos da doença. Contudo, é preciso ter em mente que existem diferentes abordagens desse procedimento. E, claro, cada alternativa conta com indicações que precisam ser consideradas por médicos e pacientes antes da decisão.
É preciso, por exemplo, decidir se a cirurgia será conservadora, removendo apenas parte do tecido mamário, ou radical, atingindo toda a mama da paciente. Como é possível imaginar, é esperado que os resultados de ambos os procedimentos interfiram no bem-estar da mulher durante muito tempo, mesmo depois do fim do tratamento. Entretanto, um estudo publicado em abril de 2023 aponta que no longo prazo essas diferenças sejam menores do que se imaginava.
Como funciona a indicação de cirurgias durante o tratamento de um câncer de mama?
Como já destacado, existem diferentes tipos de cirurgia para combater um câncer de mama. Além disso, dependendo da evolução do quadro, um procedimento cirúrgico pode ser feito com finalidades específicas. Entre alguns dos objetivos mais comuns dessa forma de intervenção estão:
- Remover a maior quantidade de tecido cancerígeno possível.
- Determinar se o tumor se espalhou em direção à axila e aos linfonodos da região.
- Mitigar os efeitos de quadros em que o tumor se disseminou por outras partes do corpo.
- Promover a reconstrução da mama após um procedimento cirúrgico anterior.
As cirurgias para remover um câncer de mama são divididas em dois grupos principais: as conservadoras e as mastectomias. Na primeira categoria, o cirurgião remove o tumor e uma margem de tecido saudável ao redor, mantendo dentro das possibilidades do momento a aparência e a estrutura da mama. Esse tipo de procedimento também é chamado de lumpectomia ou de quadrantectomia.
Já a mastectomia é aquela cirurgia em que todo o tecido da mama (e, às vezes, de algumas áreas ao redor) é removido. Algumas mulheres podem ser submetidas ainda a mastectomias duplas (ou seja, removendo as duas mamas) ou profiláticas (quando o risco de desenvolver um tumor na mama é considerado muito alto).
Seja como for, a maior parte das pacientes pode considerar a reconstrução mamária após os procedimentos. As opções para isso dependem da condição da mulher e do procedimento feito previamente.
Em geral, as reconstruções envolvem a transferência de gordura de outras partes do corpo para recompor a aparência dos seios ou o uso de próteses de silicone. De qualquer forma, em certos casos o processo de reconstrução deve aguardar algum tempo e não pode ser feito imediatamente após a cirurgia para remover o tumor.
De que forma essas intervenções podem influenciar na qualidade de vida no longo prazo?
Muitas questões particulares estão envolvidas na decisão de que tipo de cirurgia fazer, ainda que nem sempre o quadro da doença permita tal escolha. Além disso, até então não havia se estudado de que forma tais opções poderiam interferir no bem-estar no longo prazo.
Foi para contornar essa lacuna que um grupo de pesquisadores norte-americanos investigou de que forma cirurgias conservadoras ou mastectomias interferem na qualidade de vida das pacientes no longo prazo.
Para isso, foram procuradas pacientes diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial a partir de base de dados do estado do Texas (EUA). Elas foram tratadas entre os anos de 2006 e 2008. No fim, um total de 647 mulheres responderam aos questionários.
Desse total, 85% delas tinham passado por procedimentos conservadores, seguido de sessões de radioterapia ou por mastectomia com posterior reconstrução, mas sem radioterapia. A mediana de idade das pacientes era de 53 anos e o tempo decorrido do diagnóstico girava em torno de 10 anos.
A partir das respostas, os pesquisadores puderam mensurar a satisfação das pacientes com seus seios, com seu bem-estar físico, psicológico e sexual e com relação à decisão em relação ao tratamento escolhido. No fim, de maneira geral ambos os grupos apresentaram resultados que não traziam diferenças significativas 10 depois.
Contudo, uma ressalva precisa ser feita em relação à avaliação dos parâmetros psicossociais e de bem-estar sexual. Nesses casos, mulheres que passaram por cirurgias conservadoras apresentaram melhores indicadores. Os responsáveis pelo estudo apontam que esses resultados podem ser úteis para orientar e melhor decisão em mulheres diagnosticadas com tumores em estágios iniciais.
O que deve ser considerado e que tipo de cirurgia para câncer de mama é mais indicada em cada caso?
Discutir o melhor tipo de cirurgia junto ao médico responsável pelo tratamento é possível, sobretudo, nos casos em que o tumor é identificado ainda em estágios precoces.
Por outro lado, em casos mais avançados, a mastectomia pode ser não só a opção mais recomendada, como a única alternativa para remover o tumor. Ao mesmo tempo, não há nada que indique que mulheres submetidas a procedimentos menos invasivos estejam suscetíveis a um maior risco de que a doença volte no futuro, principalmente se a intervenção for complementada com a radioterapia.
Pesados os prós e contras de cada alternativa de cirurgia para câncer de mama, seu médico também fornecerá alterações sobre os cuidados pré e pós operação. Além disso, poderão ser discutidas as opções para reconstrução da aparência da mama, algo que pode ser fundamental para devolver à mulher a autoestima e o bem-estar com o próprio corpo.
Veja também como nos casos em que a cirurgia é necessária, um intervalo muito grande entre o diagnóstico e a operação pode prejudicar a sobrevida.