A sofisticação dos exames e o surgimento de terapias avançadas estão fazendo as pessoas viverem mais após um diagnóstico de câncer. Isso é verdade para todos os tipos de câncer, inclusive o de mama. No entanto, há uma preocupação sobre a eficácia do atendimento continuado às pacientes após um bem-sucedido tratamento primário do câncer de mama.
Muitas delas sofrem por anos os efeitos colaterais da terapia, como dores nas articulações, fadiga, distúrbios do sono e afrontamentos (sensações súbitas de calor). A falta de acompanhamento dessas reações a longo prazo, segundo um novo estudo realizado nos Estados Unidos, pode desencadear quadros de ansiedade e depressão entre as mulheres que estão vencendo o câncer de mama.
“Os médicos que acompanham essas pacientes devem se concentrar tanto na prevenção e detecção da recidiva como no controle e eliminação dos efeitos duradouros do tratamento. A falta de atenção a esses sintomas pode levar ao aumento dos níveis de ansiedade e depressão”, afirmou o autor principal da pesquisa, Steven Palmer, Ph.D., da Universidade da Pensilvânia.
No estudo, 103 mulheres submetidas a tratamento – e consideradas livres da doença por pelo menos 3 anos – responderam sobre a presença de 19 efeitos colaterais e quão severos eles eram. Os pesquisadores também avaliaram a incidência de depressão e ansiedade nessas pacientes.
Os resultados mostraram que 92% delas relataram, no mínimo, 3 efeitos colaterais de longo prazo. Cada entrevistada reportou, em média, a ocorrência de 9 efeitos colaterais. Os mais comuns foram:
● fadiga (67%)
● dores nas articulações (66%)
● ganho de peso (60%)
● perda da libido (55%)
● distúrbios do sono (52%)
Ainda de acordo com a pesquisa, 65% das mulheres relataram precisar de ajuda relacionada a pelo menos 1 efeito colateral. Em média, cada paciente comunicou a necessidade de apoio referente a 3 efeitos colaterais.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que tanto as mulheres que sofriam com efeitos colaterais como aquelas que não recebiam a assistência devida estavam mais propensas a sofrer com ansiedade ou depressão.
“Os resultados apontam para a necessidade de uma visão mais holística dos cuidados com o câncer de mama. A assistência médica deve mirar os desdobramentos da terapia em diversos aspectos, a paciente deve ser tratada como um todo”, disse a pesquisadora sênior Linda A. Jacobs, Ph.D., diretora do Abramson Cancer Center, da Universidade da Pensilvânia.
O estudo sinaliza para a importância de a paciente estar bem-informada sobre os eventuais efeitos colaterais que podem surgir ao longo do tempo, decorrentes de um tratamento bem-sucedido de câncer de mama. Dessa forma, permite-se a ela preparar-se psicologicamente e em outros aspectos, como o que diz respeito à garantia de uma ampla assistência médica.
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