Meninas mais gordinhas e mais magras se desenvolvem em um ritmo diferente. Essa comparação foi realizada por um grupo de pesquisa que acompanhou 90 garotas de 8 a 15 anos de idade ao longo de quatro anos. Com isso, a conclusão foi que meninas com mais gordura corporal atingem puberdade mais cedo, mas têm o estágio final de desenvolvimento dos seios mais tarde.
Os resultados foram publicados em um artigo no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. Durante o estudo, os pesquisadores separaram as meninas em dois grupos: um com sobrepeso ou obesidade e um com peso considerado normal. O desenvolvimento delas foi acompanhado e comparado a cada etapa.
Diferenças no desenvolvimento das mamas das meninas
- No grupo das meninas com maior índice de gordura corporal na infância, foi observado o desenvolvimento mais cedo das mamas (essa fase é chamada em medicina de telarca), progredindo de forma mais rápida ao longo da puberdade, se comparado ao outro grupo.
- Apesar do desenvolvimento mamário notadamente mais acelerado entre as meninas com sobrepeso ou obesidade no início do estudo, a observação demonstrou que o amadurecimento completo da mama (com a projeção da auréola) ocorreu de forma tardia na comparação com as garotas que tinham peso normal.
- A menarca (primeira menstruação) também ocorreu primeiro entre as meninas do grupo de mais peso. A média de idade desse evento para as participantes do estudo foi de 12,4 anos. Porém, os pesquisadores verificaram que a chance de atingir o primeiro ciclo mais precocemente era 3% maior para cada quilo excedente de gordura corporal.
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Além dos aspectos visíveis do desenvolvimento corporal, a pesquisa monitorou os níveis de hormônios das participantes.
No início do estudo, não havia variação hormonal dependente de peso para:
- Hormônio folículo-estimulante;
- Inibina b;
- Estrona;
- Testosterona total e livre;
- Androstenediona.
Essas taxas, porém, foram se alterando com o passar do tempo. No caso das meninas com sobrepeso ou obesidade, as taxas aumentaram em uma velocidade maior depois de um ano, enquanto se estabilizaram nas que apresentavam peso corporal normal e caíram entre as adolescentes com menor gordura corporal.
Por que isso é importante?
O estudo é importante porque foi pioneiro no acompanhamento de meninas por vários anos para examinar como a gordura corporal total afeta os hormônios reprodutivos e o desenvolvimento da mama e dos ovários. Algumas diferenças já eram observadas empiricamente, mas era necessário comprová-las por meio de trabalhos acadêmicos.
A pesquisa demonstrou que há, realmente, uma ligação entre gordura corporal e puberdade precoce, e trouxe mais detalhes sobre como esse desenvolvimento ocorre. Essa publicação também abre a necessidade de ainda mais aprofundamento para investigar as causas e consequências clínicas dessas diferenças entre as meninas.
De todo modo, é mais um avanço na busca por entender a fisiologia feminina e sua saúde.
Obesidade e saúde das mamas
A obesidade é um fator de risco para diversas doenças. Entre elas, vários tipos de câncer, incluindo o câncer de mama. Ainda é preciso fazer mais pesquisas, mas o que já se sabe sobre a relação entre peso corporal e saúde das mamas é que uma maior quantidade de tecido adiposo (gordura) aumenta a chance de desenvolver câncer de mama. Isso porque a gordura adicional aumenta também os níveis de estrogênio no organismo.
Em excesso, o estrogênio pode provocar a multiplicação celular do tecido mamário, facilitando o apararecimento do câncer. Além disso, as mulheres com sobrepeso tendem a ter níveis mais altos de insulina – o que também está associado ao câncer de mama, principalmente em obesas.
Com a publicação de novos estudos, caminhamos para entender se a obesidade na infância e na adolescência também são fatores que afetam o desenvolvimento das mamas e/ou têm consequências sobre o risco de câncer.
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