Três organizações profissionais estabeleceram diretrizes sobre como tratar e gerenciar o câncer de mama em pessoas com uma mutação genética ligada a um risco maior da doença. As diretrizes foram publicadas pelo Journal of Clinical Oncology e foram apoiadas por muitas pesquisas.
As organizações que desenvolveram as recomendações foram a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, a Sociedade Americana de Oncologia Radiológica e a Sociedade de Oncologia Cirúrgica. De acordo com publicação na The ASCO Post, as diretrizes surgiram de uma necessidade de uma estrutura mais consistente para ajudar os oncologistas do câncer de mama a realizarem recomendações locais e sistêmicas de tratamento.
Mutações genéticas e o câncer de mama hereditário
Acredita-se que cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de mama são hereditários. Portanto, o histórico familiar é muito importante para a tomada de decisões em condutas, prevenção, tratamentos e para um diagnóstico precoce da doença.
Os pesquisadores analisaram condutas em casos de diferentes mutações de genes e focaram nos cinco genes mais comuns para os quais as mutações herdadas estão associadas ao câncer de mama – os genes BRCA1, BRCA2 e PALB2 de alto risco e os dois genes de risco moderado mais comuns, CHEK2 e ATM.
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Histórico familiar e câncer de mamaAssim sendo, as recomendações focam parcialmente no uso de terapia conservadora da mama e na melhor educação das pacientes sobre suas opções de tratamento e perfil de risco. Foi realizada a análise de 58 artigos e seis ensaios clínicos randomizados de terapia sistêmica.
Escolha da terapia conservadora
De acordo com a copresidente do painel de especialistas, Nadine Tung, MD, do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, a discussão sobre a escolha ideal da terapia local deve ocorrer no contexto de aumento do risco de câncer de mama contralateral e ipsilateral após a terapia de conservação da mama, em comparação com mastectomias preventivas. “O conhecimento sobre o risco de câncer de mama contralateral é essencial quando se tem essas discussões, e os fatores de risco para um segundo câncer de mama, como idade no diagnóstico e histórico familiar, devem ser considerados”, afirma a pesquisadora.
Além disso, também observa que a terapia de conservação da mama deve ser oferecida aos portadores de mutações nos genes PALB2 ou de risco moderado (isto é, ATM ou CHEK2) que são elegíveis para este tratamento. O painel recomendou uma triagem anual de alto risco para esses pacientes.
Quimioterápicos e mastectomias
O painel com as novas diretrizes também recomendou que os oncologistas considerem um quimioterápico inibidor da polimerase da poli (ADP-ribose) vs quimioterapia não baseada em platina para portadores de mutações no BRCA com câncer de mama metastático. Já a quimioterapia com platina deve ser considerada em vez dos taxanos para portadores de mutações no BRCA1 com câncer de mama metastático triplo-negativo.
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Entenda melhor a quimioterapia“Esperamos que essas diretrizes forneçam aos oncologistas a orientação para oferecer terapia de conservação da mama, incluindo radioterapia, a pacientes com câncer de mama hereditário, quando apropriado”, disse Dra. Tung.
“Embora ter mastectomia preventiva seja a escolha certa para muitos portadores de mutações no BRCA, esta é apenas uma opção a ser discutida. Portadores de mutações no BRCA diagnosticadas mais jovens apresentam maior risco de recorrência, o que pode influenciar a escolha das mastectomias profiláticas. Da mesma forma, o diagnóstico em uma idade mais avançada diminui o risco de um segundo câncer de mama. Esse conhecimento é importante para ajudar a aconselhar portadores de mutações no BRCA sobre a escolha certa de terapia local para eles”, afirma.
Além disso, a Dra. Dana Zakalik afirmou que ainda há alguma controvérsia com relação ao manejo de portadores da mutação BRCA com câncer de mama, com muitos pacientes sendo informados de que é necessária uma mastectomia bilateral. Segundo a pesquisadora, a esperança é que a nova diretriz elimine as percepções errôneas de que os pacientes não têm escolha e, em vez disso, reflita o que a literatura realmente afirma sobre as consequências de qualquer opção – terapia de conservação de mama ou mastectomia.
Confira todas as recomendações deste painel aqui!