É cada vez maior o número de mulheres diagnosticadas com endometriose. Estima-se que 10% das mulheres em idade fértil têm a doença. A causa ainda é um mistério para a medicina. Cerca de 7 a 10 milhões de mulheres sofrem de endometriose no Brasil, doença que é a principal causa de infertilidade no sexo feminino.
A endometriose, doença típica feminina, caracteriza-se pelo crescimento das células do endométrio – tecido que reveste a cavidade interior do útero. A menstruação nada mais é que a eliminação do endométrio. Na endometriose, fragmentos desse tecido caminham até alcançar a cavidade abdominal, implantam-se e crescem sob a ação dos hormônios femininos.
As células podem crescer em regiões como ovários, trompas ovarianas, superfície exterior do útero, bexiga, intestino, entre outros. Porque isso acontece ainda é um mistério para a medicina. O que se sabe é que os hormônios femininos estimulam essas células a funcionarem como se estivessem dentro do útero, ou seja, todos os meses ocorrem sangramentos semelhantes ao fluxo menstrual, o que é um perigo para a saúde da mulher.
Antigamente, como as mulheres tinham mais filhos, em idade mais precoce, a endometriose não era tão frequente. Hoje, os diagnósticos não param de crescer. Os estudiosos consideram a doença como um mal do mundo moderno. Se antes as mulheres menstruavam 50 vezes, hoje, a média é de 400 menstruações ao longo da vida. Menos filhos, mais estresse, obesidade e sedentarismo contribuem para aumentar o número de casos.
Estima-se que 20% das portadoras da doença desconhecem sua condição, mais prevalente em mulheres de 25 a 35 anos, que ainda não têm filhos. Os especialistas perceberam que 90% das mulheres que têm ciclos menstruais curtos, com fluxos abundantes e demorados, apresentam menstruação retrógrada, ou seja, aquela que acontece dentro do organismo, atingindo o interior da pélvis. Outra maneira de transporte das células do endométrio é através dos vasos sanguíneos ou linfáticos.
A endometriose tem três formas principais:
- Superfície do peritônio, camada que reveste o abdômen;
- Forma ovariana, mais frequente, na qual os focos do endométrio se apresentam como cistos com conteúdo de cor achocolatada;
- Endometriose profunda, quando as células invadem as camadas do intestino e do septo retovaginal (pequena área entre a vagina e o reto). Esta forma dificulta a relação sexual, causando sangramentos e obstrução intestinal.
Sintomas
Quase toda mulher sabe o que é sentir a dor de uma cólica menstrual. Quando não há nenhum problema, a dor é desconfortável. Nas mulheres com endometriose, as dores são insuportáveis e progressivas. Sabe-se que a endometriose se instala ainda na adolescência, com cólicas leves, que ao longo da vida vão piorando e impedem a mulher de realizar atividades como trabalhar, praticar esportes, entre outras. As cólicas são tão intensas, que nenhum remédio é capaz de aliviar.
Outro sintoma é a dor durante a relação sexual (dispaneuria). A dor que acontece durante a relação sexual, em geral, aparece quando a penetração é profunda e tende a ser mais intensa no período pré-menstrual.
Dificuldades para engravidar, depois de um ano de tentativas, alterações intestinais durante a menstruação como diarreia ou dor para evacuar e cólicas menstruais, fora do período esperado, são sintomas que devem ser levados em consideração no diagnóstico da endometriose.
Diagnóstico
A endometriose é uma doença progressiva, mas que demora a apresentar sinais. Segundo pesquisas, entre a instalação da doença e o início do tratamento, o tempo médio é de 8 anos, período em que a doença passa do nível leve para o profundo. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais efetivo será o tratamento.
Prevenção
Infelizmente não há uma maneira efetiva de prevenir a doença, até mesmo porque a causa exata não está definida. Os esforços devem se concentrar na prevenção secundária, ou seja, conscientizar as adolescentes sobre os primeiros sintomas, cólicas muito fortes, realização de exames clínicos e de imagem, ainda na juventude, para verificar se a doença já está instalada.
Qualidade de vida
È fato que a endometriose compromete muito a qualidade de vida da mulher e do casal. Quando provoca dor pélvica, afeta o sexo, o sono, o trabalho. A prática de exercícios físicos regularmente é um ótimo fator preventivo das crises de dores, pois libera substâncias responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Além disso, a terapia de casal ou a psicoterapia são indicadas para algumas pacientes. Vale lembrar que o tratamento da endometriose é multidisciplinar, pois a doença afeta não só o físico, como também o emocional.