Após mais de 20 anos de trabalho, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, conseguiram decodificar a enzima telomerase, que tem sido relacionada com o câncer e o envelhecimento. Esta descoberta pode levar a novos medicamentos contra o câncer e que possam retardar o envelhecimento.
Apesar da telomerase ter sido descoberta em 1985, sua estrutura ainda não havia sido decodificada. Para conseguirem mapear esta enzima, os pesquisadores utilizaram uma técnica chamada criomiscopia eletrônica, que permite ver moléculas em grande resolução e que ganhou o Nobel de Química, em 2017. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature.
Como funciona a telomerase?
A enzima telomerase protege os telômeros, que cobrem as extremidades dos cromossomos, as estruturas das células onde fica o DNA. O funcionamento dos telômeros é comparado com uma capa de plástico que protege a ponta de um cadarço e eles são fundamentais no controle da divisão celular.
Conforme o tempo vai passando, nossas células vão se dividindo, as pontas dos cromossomos vão ficando mais curtas e os telômeros vão se desgastando. Este fenômeno está ligado ao processo de envelhecimento, pois o material genético fica desprotegido e as células não podem se renovar apropriadamente.
A telomerase ajuda a estender o tempo de vida de uma célula, essencialmente ao reconstruir os telômeros. Uma deficiência desta enzima pode acelerar a morte celular, mas, se ela estiver em excesso, apoia o crescimento celular desenfreado na maioria dos cânceres humanos, segundo os pesquisadores.
Pesquisa representa avanço e oportunidade de novas terapias
Até hoje, as tentativas de desenvolver fármacos que pudessem controlar esta enzima não funcionaram muito bem por causa da compreensão incompleta da estrutura e organização do complexo da telomerase.
“As nossas descobertas fornecem um quadro estrutural para a compreensão das mutações” relacionadas com a telomerase e representam “um passo importante para a terapêutica clínica” ligada a esta enzima, explica a cientista, Kathleen Collins, bióloga molecular da Universidade da Califórnia em Berkeley.