Um grupo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, estabeleceu novas estimativas do risco de câncer de mama e de ovário entre as mulheres portadoras das mutações genéticas mais comuns, a do gene BRCA1 ou BRCA2, que aumenta a probabilidade da doença nesses órgãos.
BRCA1 e BRCA2 são genes que todos nós temos e que têm como função impedir o surgimento de tumores por meio da reparação de moléculas de DNA danificadas. Ou seja, são genes que nos protegem do aparecimento de um câncer. Quando um deles sofre uma mutação, perde essa capacidade protetora, o que nos torna mais suscetíveis ao aparecimento de tumores malignos de mama, de ovário e de próstata.
Esse estudo, que foi publicado no jornal científico JAMA, avaliou cerca de 10 mil mulheres sem câncer, sendo cerca de 6 mil delas com o BRCA 1 e aproximadamente 3 mil com o BRCA2.
Durante um período médio de acompanhamento de cinco anos, 426 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama, 109 de ovário e 245 na mama contralateral, ou seja, na segunda mama na qual o tumor original não estava alojado.
O risco de câncer de mama entre as que entravam na idade adulta e os 80 anos era de cerca de 72% para as mulheres com o BRCA1 e de 69% para as que tinham o gene mutante BRCA2.
A incidência do câncer de mama aumentou rapidamente na faixa dos 30 a 40 anos para as que tinham a mutação BRCA1 e na faixa dos 40 a 50 anos com a mutação BRCA2, e manteve uma incidência constante no grupo de até 80 anos.
O risco de câncer de ovário até os 80 anos chegava a 44% para o grupo BRCA1 e a 17% para o BRCA2. Em relação ao câncer na mama contralateral, o risco acumulado 20 anos após o diagnóstico de um tumor no primeiro seio ficou em torno dos 40% nas mulheres com BRCA1 e em 26% naquelas com BRCA2.
O estudo também sugere que a história familiar é um fator de risco importante para as mulheres portadoras desses genes e que a localização das mutações no gene também fazia o risco variar.
Muitas vezes, é o acúmulo de centenas de mudanças genéticas que causa câncer. No entanto, existem alguns genes, como os BRCA1 e BRCA2, onde as mutações ou erros em seu código podem aumentar consideravelmente o risco de câncer de mama e ovário.
Segundo os pesquisadores, os resultados servirão para estimar com maior precisão o risco de as mulheres desenvolverem esses dois tipos de câncer, o que ajudará a determinar com qual idade elas devem iniciar os testes de triagem da doença, além de ajudar os médicos na escolha do tratamento mais eficaz para cada caso e a sugerir mudanças no estilo de vida das pacientes para reduzir os riscos da doença.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou o surgimento de quase 60 mil novos casos de câncer de mama em 2016.