O estudo “Jewels in our Genes”, realizado pela Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, revelou três regiões anormais de DNA em mulheres afrodescendentes compartilhados por membros da mesma família. Essa descoberta levanta a hipótese de existir genes de câncer de mama ainda não descobertos e relacionados à raça. O câncer de mama hereditário corresponde de 5 a 10% dos casos da doença.
Os pesquisadores afirmaram que se essas mutações forem exclusivas dos afrodescendentes pode explicar o risco aumentado presente nas mulheres negras na pré-menopausa quando comparado a outros grupos. Os pesquisadores consideraram ainda que há mais genes anormais associados ao câncer de mama que os já conhecidos BRCA1 e BRCA2.
A pesquisa foi realizada entre os anos de 2009 e 2014 e examinou o DNA de 106 famílias de afrodescendentes norte-americanos. Entre os participantes estavam 179 mulheres diagnosticadas com câncer de mama e 76 de suas irmãs que nunca tiveram a doença. Esse estudo é semelhante à pesquisa feita em 1990 com mulheres de ascendência europeia, que levou à descoberta dos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam consideravelmente o risco de desenvolver câncer de mama e ovário.
Embora as mulheres afrodescendentes possam ter mutações BRCA, há suspeitas de outras mutações ligadas ao câncer de mama nessa população específica, por isso esse estudo mostra-se fundamental para a tomada de decisões no que diz respeito à prevenção do câncer de mama em populações específicas.
As mulheres afrodescendentes têm maior incidência de câncer de mama na pré-menopausa e uma taxa de mortalidade maior quando comparadas a outros grupos, como mulheres com ascendência europeia. Esse estudo é particularmente importante para as brasileiras, uma vez que 61% dos brasileiros brancos têm herança indígena ou africana.
Como não é possível mudar a genética, é preciso reforçar as formas de prevenir o câncer de mama. Além de manter os exames preventivos em dia, outras medidas são importantes como manter o peso, se exercitar regularmente, restringir o consumo de álcool, largar o cigarro e adotar uma alimentação mais saudável. Vale lembrar ainda de conversar com a família para investigar casos da doença e informar ao médico.