Os anticoncepcionais intrauterinos, mais conhecidos como DIU (dispositivo intrauterino), são um dos métodos mais seguros e eficazes para evitar uma gravidez. Estudos mostram que em cinco anos de uso, a taxa de sucesso contraceptivo desse tipo de anticoncepcional é de 99,3%, sendo mais elevada que a maioria dos outros métodos, incluindo a pílula e a camisinha.
Mas o uso do DIU, principalmente do chamado Mirena, quase sempre gera dúvidas entre as mulheres em relação ao possível risco aumentado de câncer de mama. O assunto já foi muito debatido e pesquisado porque o anticoncepcional contém levonorgestrel, uma forma sintética do hormônio natural progesterona conhecida por alimentar o câncer de mama.
O Mirena é usado a longo prazo e pode prevenir a gravidez por até cinco anos. Ele funciona espessando o colo do útero, o que impede o esperma de atingir os ovos liberados dos ovários. Em alguns casos, as mulheres nem chegam a ovular. Algumas pesquisas mostram uma relação entre o seu uso, assim como de outros dispositivos, e o risco aumentado de câncer de mama.
A própria bula do produto reconhece o risco, alertando as mulheres que têm ou tiveram câncer de mama, ou suspeitam ter a doença, que não utilizem anticoncepcionais hormonais, porque alguns tipos de câncer de mama são mais sensíveis aos hormônios.
Estudos são controversos
Mirena já é utilizado pelas mulheres há mais de 15 anos. Em 2005, um estudo publicado pela revista Obstetrics & Gynecology sugeriu que não havia nenhuma ligação entre o seu uso e a doença. Outro estudo de 2011 publicado na revista Contraception também não apontou evidências de risco aumentado de câncer de mama em mulheres que usavam o dispositivo.
Mas uma pesquisa de 2014 publicada na mesma revista Obstetrics & Gynecology, realizada na Finlândia com mulheres entre os 30 e os 49 anos que usavam o Mirena, mostrou que seu uso diminuiu o risco de câncer de endométrio, ovário, pancreático e de pulmão, mas aumentou o número de casos de câncer de mama.
Outro estudo, de 2015, publicado na revista Acta Oncologica, também encontrou uma relação entre o aumento do risco de câncer de mama e o uso de Mirena. Porém uma pesquisa mais recente publicada no início de 2017 na revista Post Reproductive Health, disse que qualquer conexão entre câncer de mama e contracepção hormonal é pequena e que os benefícios desse tipo de contraceptivo superam os possíveis riscos.
Um relatório publicado na revista Evolution, Medicine and Public Health, mostrou que existe risco de uma mulher desenvolver câncer de mama quando utiliza anticoncepcional hormonal. Nesse relatório, os pesquisadores analisaram dados de 12 estudos que envolveram mulheres de 19 a 40 anos que usavam o DIU Mirena.
Apesar de o risco de câncer ter aumentado entre elas, os pesquisadores não souberam dizer se outros métodos contraceptivos à base de hormônio também têm riscos. O nível de hormônio depende do produto, por isso é importante discutir com o médico os riscos e benefícios de cada método anticoncepcional. Vale lembrar também que o controle de natalidade é uma escolha pessoal. Embora alguns métodos possam ser mais confiáveis do que outros, eles só trazem benefícios quando são usados corretamente.