Será que mulheres que já tiveram câncer de mama devem continuar realizando a mamografia depois dos 75 anos? Haveria vantagem no procedimento, a esta altura da vida?
Até agora, a recomendação padrão para mamografia em sobreviventes do câncer de mama de todas as idades era o exame anual, sem muita margem para ajustes individualizados entre pacientes idosos. Isso deve mudar.
Após uma revisão da literatura científica e rodadas de validação envolvendo médicos e pacientes, a Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica e um painel multidisciplinar de especialistas liderados pela oncologista Rachel A. Freedman, de Boston (EUA), redigiram uma Declaração de Consenso sobre a realização de mamografias em sobreviventes do câncer de mama com 75 anos de idade ou mais, que foi publicada no final de janeiro no JAMA Oncology.
No documento, os autores fazem as seguintes recomendações:
- Mulheres idosas que já trataram e se curaram de um câncer de mama e contam com uma expectativa de vida de menos de cinco anos não precisam continuar realizando a mamografia preventiva, mesmo se seu histórico é de câncer de alto risco, pois o risco de recidiva é baixo e não haverá vantagem em obter um diagnóstico precoce a essa altura.
- Mulheres com expectativa de vida entre 5 e 10 anos devem, junto com a equipe médica, considerar interromper a realização da mamografia, dando atenção especial à como se sente em relação a um novo diagnóstico.
- Mulheres com expectativa de vida superior a dez anos devem continuar a realizar a mamografia regularmente (a cada um ou dois anos), porque ainda têm bastante vida pela frente, e um diagnóstico precoce ainda tem benefício.
Nada disso é regra. São apenas recomendações, baseadas no risco de o câncer de mama voltar, na saúde geral da mulher e nas suas preferências. O objetivo é orientar os médicos na hora de ter essa conversa com suas pacientes. Caso a sobrevivente idosa se sinta ótima, esteja com uma saúde extraordinária e queira muito continuar realizando os exames, ela pode combinar isso com os médicos.
Idade x expectativa de vida
No Brasil, assim como nos Estados Unidos, a expectativa de vida média da população está atualmente acima de 75 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso significa que uma mulher nascida no Brasil em 2019 tinha expectativa de viver até os 80,1 anos. Um homem, até os 73,1.
Como a saúde, a vivacidade e o bem-estar das pessoas variam muito, e muitas pessoas ultrapassam os 90 anos, os autores da Declaração de Consenso preferiram vincular suas recomendações à expectativa de vida e não à idade. Nesse consenso, os especialistas sugerem estimar a expectativa de vida das sobreviventes do câncer de mama a partir de fatores tais como:
- Histórico médico;
- Grau de independência funcional;
- Hábito tabagista;
- Ocorrência de queda nos últimos 12 meses;
- Ocorrência recente de hospitalização.
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A revisão dos estudos realizada pelo comitê de especialistas os levou a concluir que a mamografia oferece um benefício clínico de pequeno a modesto para muitas mulheres mais velhas. Entre as principais desvantagens da mamografia estão:
- Os falsos positivos;
- A ansiedade da paciente associada ao exame;
- O tratamento excessivo.
Nos Estados Unidos, materiais informativos impressos baseados nestas diretrizes serão entregues às pacientes para ajudá-las a avaliar o risco de recorrência do câncer na mama e ponderar sobre os benefícios e as desvantagens potenciais da mamografia. Espera-se que essas diretrizes contribuam para aprimorar a prática clínica, facilitando a tomada de decisão compartilhada entre médicos e pacientes.
3 Comments
Parabéns Dr. Silvio Bromberg gostei muito de ler as suas informações e recomendações sobre o câncer de mama. Quanto mais esclarecidas estivermos mais fácil será o tratamento e também e o comportamento a ser feito depois de já ter feito a cirurgia.
Obrigada
Acho muito importante as informações médicos .tenho 75 anos e faço
Minha prevenção de saúde todos os anos.
Olá, Maria, ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo.