A massagem oncológica pode proporcionar alívio dos sintomas da neuropatia periférica induzida por quimioterapia, sugere um novo estudo. O número de sessões semanais de massagem que um paciente recebeu fez diferença no controle dos sintomas desta condição que afeta a qualidade de vida do paciente. O estudo foi apresentado no Simpósio de Cuidados de Suporte em Oncologia (SCOS) 2019, em San Francisco, nos Estados Unidos.
A neuropatia periférica é um efeito colateral comum que pacientes sentem quando estão em tratamento com quimioterapia e, geralmente, não é fácil de tratar. De acordo com a American Society of Clinical Oncology, ela é definida como dano ao sistema nervoso periférico. É um dano nos nervos fora do cérebro e da medula espinhal que transmitem mensagens aos músculos, pele e órgãos internos, o que resulta em dor, dormência, formigamento e sensibilidade ao frio nas mãos e nos pés. A condição pode ser progressiva, duradoura e irreversível.
Método de estudo
O objetivo principal do estudo foi comparar as taxas de conclusão de dois protocolos de tratamento de massagem: duas vezes por semana durante 6 semanas VS três vezes por semana durante 4 semanas. Havia também objetivos secundários, que incluíam uma análise da eficácia do tratamento inicial.
Portanto, os pesquisadores analisaram:
- Tempo de cada sessão de massagem;
- Número total de sessões;
- Frequência dos tratamentos.
Assim sendo, o estudo incluiu o uso de uma técnica de massagem sueca oferecidas por dois massoterapeutas oncológicos.
Como os sintomas foram medidos?
Os sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia foram medidos com a Escala de Avaliação da Qualidade da Dor. Essa escala varia de 0 a 10 com subescalas de dor superficial, dor profunda e dor paroxística (aumento abrupto e alívio rápido). Os participantes foram avaliados no início, no final do tratamento e novamente no final do estudo (10 semanas após início).
Quem participou do estudo?
Esta pesquisa incluiu 71 pacientes com 18 anos de idade ou mais com neuropatia nos membros inferiores atribuídos ao tratamento com oxaliplatina, paclitaxel ou docetaxel sem outro histórico de causas atribuíveis, como diabetes. Como parte dos critérios de inclusão neste estudo, o score de neuropatia periférica dos pacientes teve que ser maior ou igual a 3 em uma escala de 10 pontos, na qual 10 é a pior neuropatia possível. Além disso, o último tratamento quimioterápico nos pacientes ocorreu pelo menos 6 meses antes do período do estudo.
A maioria dos pacientes tinha tido câncer de mama (57,7%) ou gastrointestinal (42,3%). A idade média era de 60,3 anos e o tempo médio desde o final da quimioterapia foi superior a 3 anos.
Quantas sessões de massagem geram melhores resultados?
As taxas médias de conclusão da massagem foram de 8,9 sessões para as massagens três vezes por semana e de 9,8 sessões para as massagens duas vezes por semana. Já aqueles que fizeram massagem três vezes por semana relataram melhora estatisticamente e clinicamente maior nos scores de dor comparado com aqueles que fizeram massagem duas vezes por semana.
“Essas descobertas introduzem a massagem oncológica como uma opção adicional para ajudar no controle dos sintomas e oferecer uma nova visão sobre qual programa de tratamento de massagem pode oferecer aos pacientes o maior benefício”, afirmou o autor do estudo Gabriel Lopez, MD, professor associado do Departamento de Medicina Paliativa, Reabilitação e Medicina Integrativa e diretor médico do Centro de Medicina Integrativa da Universidade do Texas.
Agora, a equipe de pesquisadores planeja avançar com um estudo de eficácia em larga escala usando o esquema de dosagem de massagem três vezes por semana.