Para quem tem câncer de mama, a terapia de conservação da mama tem mostrado, em algumas ocasiões, resultados superiores aos da mastectomia, que consiste na remoção total do seio. Pesquisadores do Erasmus MC Cancer Institute, da Holanda, descobriram que as mulheres que optaram pela cirurgia de conservação tiveram uma sobrevida 30% maior do que aquelas que fizeram a mastectomia. A terapia de conservação inclui uma cirurgia para retirar o tumor e os tecidos próximos, seguida de sessões de radioterapia.
Durante o estudo, que foi apresentado no Congresso Europeu de Câncer, foram analisados dados de quase 130 mil pacientes com a doença, diagnosticadas entre 1999 e 2012. Os dados mostraram que a terapia de conservação foi mais eficaz principalmente entre as mulheres com idade acima de 50 anos, com a doença em estágio inicial, que não se submeteram à quimioterapia e que tinham comorbidades, ou seja, outras doenças além do câncer de mama, como hipertensão, diabetes ou doenças cardiovasculares.
Os pesquisadores acreditam que esta informação terá o potencial de melhorar o tratamento de futuras pacientes com câncer de mama e o processo de tomada de decisão sobre qual tratamento é mais adequado para cada mulher.
Mas isso não significa que a mastectomia seja uma má escolha. Ela é uma opção para aquelas mulheres cuja radioterapia pode não ser adequada, para aquelas para quem os riscos de efeitos colaterais tardios é alto ou ainda para quem tem a perspectiva de um mau resultado estético após a terapia de conservação. Porém, ela é uma cirurgia demorada, complexa e que traz mais impactos na qualidade de vida da mulher. Já a terapia de conservação da mama é uma cirurgia menos invasiva e de recuperação mais rápida.
Nos Estados Unidos e na Europa, muitas mulheres com câncer de mama começaram a optar pela mastectomia, não só lateral, mas também contralateral, após a ampla cobertura da mídia sobre a cirurgia realizada pela atriz Angelina Jolie.
Mas os especialistas alertam que a mastectomia bilateral tem o dobro das complicações do que a unilateral. Como as taxas de sobrevivência ao câncer de mama vem aumentando, os médicos acreditam que uma cirurgia mais invasiva, como é a mastectomia, deve ser indicada apenas quando ela for a única opção para a paciente.
Além disso, o que este estudo mostra é que os dois tratamentos podem ser escolhidos. A conservação da mama é tão eficaz quanto a mastectomia e, em algumas circunstâncias, pode ser melhor. A situação da paciente é que irá dizer qual é o melhor para o seu caso.