Atualmente, a cirurgia bariátrica é a intervenção mais efetiva para perda e manutenção de peso em longo prazo. Em um novo estudo, pesquisadores da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, descobriram que a cirurgia bariátrica está associada a um menor risco de câncer em longo prazo em comparação com pacientes com obesidade grave, que não passaram por uma cirurgia bariátrica.
Eles constataram que promover a perda de peso intencional, especialmente através do uso da cirurgia bariátrica, pode reduzir consideravelmente o risco de câncer em pacientes com obesidade grave.
Redução foi de 40% nos cânceres ligados à obesidade em mulheres com cirurgia bariátrica
Observando que a obesidade severa – definida como Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 40 kg / m 2 -, aumentou nos Estados Unidos de 0,8%, em 1960; para 7,7%, em 2014, os pesquisadores analisaram bancos de dados e registros de saúde eletrônicos, de janeiro de 2004 a dezembro de 2014, para identificar um total de 22.198 casos cirúrgicos, dos quais mais de 80% eram do sexo feminino. Os pacientes precisavam ter um IMC ≥ 35 kg / m 2 e nenhum histórico de câncer antes da cirurgia.
Um total de 66.481 pacientes de controle foram selecionados a partir do mesmo banco de dados e comparados para características demográficas e clínicas, incluindo a presença de diabetes e hipertensão.
O tempo médio de acompanhamento foi maior nos casos de cirurgia bariátrica (47 meses) do que nos controles (41 meses). As pacientes que fizeram cirurgia bariátrica tiveram um risco 41% menor de desenvolver qualquer tipo de carcinoma relacionado à obesidade, em comparação com mulheres com obesidade grave, que não foram tratadas cirurgicamente.
Os cânceres associados à obesidade incluem: câncer de pâncreas, cujo risco foi reduzido em 54% entre os que tiveram cirurgia bariátrica versus controles; câncer de mama pós-menopausa, que foi 52% menor entre os candidatos cirúrgicos; câncer de endométrio, que foi reduzido em 50%; e cancro do cólon em 41%.
As mulheres que sofreram cirurgia bariátrica também apresentaram 26% menos probabilidade de desenvolver cânceres não relacionados à obesidade do que os controles não cirúrgicos.
Segundo relatos dos autores do estudo, para os homens, não houve reduções estatisticamente significativas no risco de qualquer tipo de câncer. Mas, como explicam os pesquisadores, eles provavelmente morrerão de câncer de próstata e de pulmão, nenhum dos quais está associado à obesidade.
Os estudiosos alertam, no entanto, que mais pesquisas são necessárias para entender melhor os mecanismos subjacentes pelos quais a cirurgia bariátrica reduz o risco de câncer, pelo menos em mulheres.
No Brasil, taxas de sobrepeso e obesidade seguem em alta
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge a 20% das pessoas adultas no País.
Segundo o documento, elaborado com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o sobrepeso em adultos no Brasil passou de 51,1% em 2010, para 54,1% em 2014. Em 2010, 17,8% da população era obesa; em 2014, o índice aumentou para 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres, 22,7%.