Uma pesquisa publicada recentemente no Journal of The National Cancer Institute revelou que parte das mulheres em idade fértil que têm câncer de mama se recusa a tomar o medicamento tamoxifeno devido à preocupação em relação à fertilidade.
A terapia com tamoxifeno tem um impacto significativo tanto na redução da recidiva do câncer de mama, quanto na mortalidade. Entretanto, é um medicamento teratogênico, ou seja, pode causar malformações fetais. Desta maneira, não pode ser tomado durante a gravidez.
Os pesquisadores decidiram fazer essa pesquisa para entender porque o início e a adesão ao tratamento com tamoxifeno eram deficientes em mulheres jovens com câncer de mama. Isso porque os motivos para aderir ao tratamento são diferentes entre as mulheres em idade fértil e aquelas na pós-menopausa.
O estudo foi realizado com 515 mulheres na pré-menopausa, com menos de 45 anos, diagnosticadas com câncer de mama em estágios de 0 a III, hormônio-receptor positivo. O tamoxifeno foi recomendado para todas as mulheres. Entre 2007 e 2012, 22% das participantes do estudo expressaram o desejo de serem mães no futuro.
A preocupação com a fertilidade influenciou de maneira significativa a decisão da mulher de continuar ou não com o tratamento com o tamoxifeno. Na análise, as preocupações com a fertilidade foram estatisticamente associadas à interrupção precoce da terapia. Das mulheres que não iniciaram o tratamento, 13% consideraram os benefícios do tratamento pequenos; 34% planejaram a gestação e 36% delas relataram que a recusa foi devido aos efeitos adversos.
O estudo mostrou que a preservação da fertilidade é um assunto que não está sendo devidamente discutido com as mulheres que desejam engravidar depois de um câncer de mama, porém é fundamental aconselhar a mulher e oferecer opções, como o congelamento de óvulos, por exemplo.
O uso do tamoxifeno, segundo estudos, reduz a recorrência do câncer de mama em 47% e a mortalidade em 26%. Dados recentes sugerem que a terapia continuada durante 10 anos pode ser ainda mais benéfica.
A adesão ao tamoxifeno é fundamental para garantir um bom prognóstico em mulheres jovens, que têm maior risco de recidivas de morte por câncer de mama. Por isso, os temas fertilidade e gravidez devem fazer parte da rotina das consultas médicas. O estudo foi útil para entender as questões exclusivas das mulheres jovens atingidas pelo câncer de mama, assim como para melhorar a qualidade do atendimento e definir estratégias para assegurar a maternidade após o tratamento.