Em comparação com pessoas com diagnóstico de câncer que não estão sendo tratadas com quimioterapia, as pessoas com câncer recebendo quimioterapia não têm um risco maior de contrair COVID-19. Pelo menos isso é o que aponta um estudo apresentado no encontro virtual da American Association for Cancer Research, em fevereiro de 2021.
Apesar de ser um estudo pequeno pela quantidade de participantes e tempo de acompanhamento, ele é relevante porque ajuda a responder questionamentos que a comunidade médica internacional vem se fazendo sobre a situação dos pacientes que precisam se tratar contra o câncer durante o período de pandemia.
Isso, contudo, não reduz as ressalvas quanto aos cuidados necessários para evitar a contaminação pela doença, uma vez que as complicações da COVID-19 em pacientes oncológicos continuam sendo preocupantes (veja mais abaixo).
Sobre a pesquisa
Foram analisadas informações de 1.174 pessoas com diagnóstico de câncer que foram testadas para COVID-19 entre 1º de março e 6 de junho de 2020, no Hospital Presbiteriano de Nova York – Irving Medical Center, da Universidade de Columbia, na cidade de Nova York.
Os pesquisadores verificaram que estar atualmente em tratamento para câncer não foi associado a um risco maior de desenvolver COVID-19. Na verdade, surpreendentemente, pacientes em tratamento ativo, incluindo quimioterapia, eram 35% menos propensos a testar positivo para COVID-19 do que aqueles que não estavam sob tratamento.
Uma possibilidade de explicação para o resultado, segundo os responsáveis pela pesquisa, é a sugestão de que as pessoas que recebem quimioterapia são mais propensas aser cuidadosas com o distanciamento social, usando máscara facial de forma correta e higienizando as mãos constantemente. Esse comportamento provavelmente seria o responsável pela redução do risco de contrair COVID-19 quando comparadas às pessoas que não recebem quimioterapia.
O que isso muda na prática?
Quando a pandemia começou, muitos tratamentos de câncer, incluindo cirurgia e quimioterapia, foram adiados ou modificados para minimizar o contato dos pacientes com o ambiente hospitalar e os centros de tratamento. O objetivo era protegê-los da exposição ao Sars-COV-2, além de direcionar esforços e recursos para cuidar de pessoas gravemente doentes com COVID-19.
Com o prolongamento da epidemia, muitos desses tratamentos não puderam mais ser evitados e as sociedade médicas de todo o mundo publicaram orientações de acordo com a realidade do sistema de saúde de cada local.
Assim, ao realizar esse estudo, os pesquisadores queriam verificar os fatores clínicos relacionados ao tratamento associados ao desenvolvimento de COVID-19 entre pessoas com diagnóstico de câncer.
Como os resultados apontaram que a administração de quimioterapia não gerou risco adicional para os pacientes com câncer, a pesquisa dá mais segurança para pacientes e médicos. Isso porque o estudo mostra que, com as devidas precauções no ambiente clínico, as interrupções no tratamento do câncer que salva vidas devem ser minimizadas durante a pandemia de COVID-19.
COVID-19 e câncer
O Instituto Nacional de Câncer considera que são considerados grupo de risco pacientes oncológicos que estejam em tratamento de quimioterapia, radioterapia, que tenham feito cirurgia há menos de um mês ou que façam uso de medicamentos imunossupressores.
Para os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, ter câncer já é suficiente para aumentar o risco de ter complicações graves caso o indivíduo seja infectado.
Esse risco se deve ao fato de que ter câncer exerce uma pressão extra sobre o organismo. Adicionalmente, os tratamentos mencionados podem fazer com que o sistema imunológico dessas pessoas fique enfraquecido ou podem desencadear problemas pulmonares – o que é um complicador adicional, já que a COVID-19 compromete as vias respiratórias.
Recomendações para pacientes em quimioterapia
Apesar de não ter mais chance de contrair a doença, se você estiver recebendo quimioterapia, é mais provável que tenha complicações graves caso haja infecção pelo novo coronavírus.
Portanto, é extremamente importante que as pessoas que recebem quimioterapia continuem a:
- Praticar o distanciamento social;
- Usar máscara facial n95 ou pff2 ao sair de casa;
- Lavar as mãos com frequência ou usar álcool 70%;
- Evitar aglomerações e espaços mal ventilados;
- Desinfetar as superfícies que são tocadas com frequência como maçanetas, interruptores de luz, telefones, teclados e torneiras;
- Estar alerta para quaisquer sintomas de COVID-19 e buscar orientação médica imediata ao menor sinal;
- Conversar com o médico sobre a vacinação e recebê-la assim que estiver disponível, caso seja recomendada para você.
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