Compreender a possível associação entre a terapia reiki e o câncer é útil, sobretudo quando se considera o potencial da técnica no alívio de sintomas adversos decorrentes de determinadas intervenções terapêuticas (não só a quimioterapia, como também a radioterapia ou mesmo uma cirurgia).
Nesse sentido, a abordagem funciona como uma medida não farmacológica (ou seja, que não depende de medicamentos). Foi com isso em mente que um grupo de pesquisadores norte-americanos publicou no começo de 2025 um estudo sobre o tema. As informações foram veiculadas no The Journal of Pain and Symptom Management.
O que se sabe sobre a relação entre reiki e câncer
O reiki tem origem no Japão (o termo significa “energia universal” em japonês). Em princípio, sua premissa básica é de que todo mundo possui um fluxo energético que pode ser utilizado para promover o bem-estar.
Para isso, geralmente são feitas sessões em que alguém aplica a terapia com a utilização das mãos, passando-as próximas ao corpo da outra pessoa, justamente para direcionar esse campo energético.
O reiki é classificado como uma técnica complementar de medicina alternativa. No Sistema Único de Saúde (SUS), ela compõe o que é conhecido como Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. Em resumo, elas são voltadas para estabelecer “ações de promoção e prevenção à saúde”.
Ainda assim, não há nenhuma evidência de que a aplicação dessa abordagem seja capaz de prevenir ou tratar qualquer tipo de câncer. Também não há respaldo para a existência de um tipo de energia capaz de interferir na evolução da doença. Todo tipo de terapia complementar deve sempre contar com a anuência do médico responsável pelo acompanhamento.
Leia também: 7 recomendações para aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia
Quais podem ser os benefícios dessa técnica
De qualquer maneira, não é de hoje que o recurso é utilizado como um instrumento adicional para que pacientes oncológicos atravessem determinadas etapas do tratamento com um pouco mais de conforto.
Estudos anteriores já haviam demonstrado justamente a forma como o reiki seria capaz de promover benefícios dentro desse grupo, oferecendo alívio de dores e reduzindo a ansiedade e o estresse.
Para entender melhor a dimensão desses ganhos, os autores do artigo publicado em 2025 fizeram um estudo observacional retrospectivo com base nos pacientes recebendo terapias infusionais (ou seja, quimioterapia) em dois centros distintos. Nesses locais, havia um programa voluntário onde o reiki era oferecido.
Ao todo, o estudo coletou os dados de 298 pacientes, que receberam ao todo 392 sessões da terapia complementar entre março de 2022 e fevereiro de 2024. Do ponto de vista demográfico, eles:
- Tinham idade média de 63,3 anos.
- Em sua maioria, eram mulheres, que respondiam por 57,7% da amostra.
- Eram brancos (71,6%) ou afro-americanos (26,5%).
As sessões de reiki eram aplicadas durante a administração dos quimioterápicos, conforme disponibilidade, viabilidade e interesse dos pacientes. Elas duravam entre 15 e 20 minutos.
Além disso, os voluntários que recebiam o recurso adicional eram convidados a responder questionários antes e depois da aplicação. Nas perguntas eram medidos parâmetros que incluíam:
- Dor.
- Fadiga.
- Ansiedade.
- Náusea.
- Bem-estar geral.
No fim, as informações coletadas permitiram concluir que houve algum benefício significativo em todos esses elementos. Além disso, o grau de satisfação com as sessões foi considerado bem alto entre a maioria dos participantes do estudo, fazendo dessa uma experiência encarada como relevante no controle dos desconfortos relacionados ao câncer.
O que ainda é preciso saber sobre a conexão entre reiki e câncer
Como todo estudo, a publicação sobre os benefícios da técnica japonesa encontra limitações que servem como uma ressalva para os resultados alcançados.
O principal deles é que o método utilizado não compara o reiki com nenhuma outra intervenção. Dessa maneira, é possível que benefícios similares sejam alcançados com o uso de outras abordagens alternativas, que incluem desde meditação até ouvir música.
Isso provavelmente se dá por conta do efeito placebo (a ideia de que algo inerte está proporcionando alguma melhora por se acreditar naquilo) proporcionado por tais atividades.
Além disso, os autores apontam que é possível que o dado positivo tenha sido influenciado pelo fato de que as pessoas que aceitaram receber a sessão de reiki sejam naturalmente mais abertas a tais reflexos positivos, por conta de um viés em torno do tema.
Quem assina o estudo também indica que houve dificuldades em garantir que todos os participantes preenchessem os formulários para avaliar o tamanho desses possíveis efeitos.
Assim sendo, são necessárias mais investigações, com mais pessoas e em diferentes localidades para entender melhor quais as verdadeiras conexões entre reiki e câncer, bem como quais as recomendações adequadas em contextos variados.
Aproveite e confira agora quais são as principais diretrizes para o uso da medicina integrativa no controle da dor associada a um câncer.