Resfriamento do couro cabeludo evita queda de cabelo durante tratamento do câncer
A quimioterapia pode provocar vários efeitos colaterais, como dores pelo corpo, falta de ar, náuseas e vômitos, além da queda de cabelo. E é justamente a perda de cabelo que mais incomoda e assusta os pacientes, em especial as mulheres. No entanto, esse sofrimento pode estar próximo do fim, graças a uma técnica que vem sendo utilizada na Europa e nos Estados Unidos: a “scalp cooling”, que em português significa “resfriamento do couro cabeludo”.
A técnica consiste em resfriar a região do couro cabeludo com uma touca de silicone à temperatura de aproximadamente 4 graus negativos durante as sessões de quimioterapia. Esse tratamento já era feito desde a década de 70 em alguns países europeus, mas só recentemente os estudos foram revisados por pesquisadores norte-americanos para comprovarem a sua eficácia. A técnica foi aprovada no final do ano passado, pela US Food and Drug Administration, órgão governamental dos Estados Unidos.
Os primeiros resultados das análises feitas pelos pesquisadores americanos foram positivos, mas não há como apontar com precisão se todo o cabelo será protegido pelo “scalp cooling”, ou se apenas parte dele irá cair. De acordo com as pesquisas, isso pode variar de paciente para paciente, como a quantidade de medicamento que está sendo utilizada no tratamento e o sistema de resfriamente utilizado. Além disso, diferenças metabólicas e na qualidade do cabelo também podem ter interferir nos resultados. O importante, segundo os pesquisadores, é que a técnica é segura.
Um dos empecilhos para o uso do “scalp cooling” na quimioterapia pode ser os custos, que a princípio são elevados. As toucas de silicone precisam ser resfriadas em gelo seco, ou em um congelador especial, e precisam ser trocadas a cada 30 minutos. Além disso, recomenda-se que as toucas sejam colocadas cerca de uma hora antes de iniciar a sessão de quimioterapia e retiradas cerca de 3 horas após o encerramento.
Alguns equipamentos específicos já foram desenvolvidos, como o PACMAX (origem inglesa) e DIGNICAP (origem sueca), e estão sendo utilizados por pacientes na quimioterapia. Eles mantêm as toucas na temperatura ideal para o tratamento durante todo o período necessário e elas não precisam ser trocadas. Em contrapartida, são desconfortáveis e podem causar fortes dores de cabeça aos pacientes.
A técnica do “scalp cooling” não é recomendada para todos os tipos de pacientes oncológicos, como aqueles diagnosticados com leucemia ou doenças que causam extrema sensibilidade ao frio. No entanto, o método representa um grande avanço na área oncológica, devolvendo a autoestima e trazendo esperança a milhares de pacientes.