Uma das controvérsias sobre a triagem mamográfica de rotina para mulheres é que ela detecta o câncer de mama de risco mínimo, incluindo a grande maioria de carcinoma ductal in situ (CDIS). Isso acabou gerando preocupações de super diagnóstico e tratamento. Consequentemente, surgiram propostas de que o CDIS poderia ser gerenciado por vigilância ativa em vez de tratamento imediato de cirurgia.
Com esse cenário, um grupo de pesquisadores na Inglaterra realizou um estudo em que avaliou os riscos a longo prazo de câncer de mama invasivo e morte por câncer de mama após diagnóstico de carcinoma ductal in situ por meio de triagem mamográfica da mama.
A análise destes pesquisadores mostrou que qualquer diagnóstico de CDIS, mesmo que de grau baixo ou intermediário, está associado a um risco aumentado de câncer de mama invasivo e que o tratamento de CDIS diminui esse risco. A pesquisa foi publicada no The British Medical Journal (BMJ).
Veja mais:
Como se preparar para a mamografiaO que é o carcinoma ductal in situ?
O carcinoma ductal in situ é um câncer de mama não invasivo ou pré-invasivo. De acordo com a American Cancer Society, isso significa que as células que revestem os ductos mudaram para células cancerígenas, mas não se espalharam através das paredes dos dutos para o tecido mamário próximo. Cerca de 1 em cada 5 casos de câncer de mama são carcinoma ductal in situ.
O CDIS não apresenta risco de vida imediato e geralmente apresenta um bom prognóstico. Mas pode aumentar o risco de desenvolver um câncer de mama invasivo posteriormente. Segundo o estudo publicado na BMJ, a incidência de carcinoma ductal in situ (CDIS) tem aumentado, particularmente em áreas nas quais os programas de rastreamento de mama foram introduzidos.
De acordo com os pesquisadores, a maioria das mulheres com CDIS é tratada com cirurgia, frequentemente seguida por radioterapia e, às vezes, com tratamento endócrino. Mas os riscos a longo prazo do câncer de mama invasivo e da morte por câncer de mama após o CDIS detectado pelo rastreamento ainda são incompletos.
Também não é claro como esses riscos evoluem ao longo do tempo, de modo que o período ideal de acompanhamento pós-tratamento e a frequência dos exames de imagem de vigilância permanecem incertos. Além disso, foi sugerido que o CDIS está sendo diagnosticado e tratado em excesso. Essas preocupações despertaram interesse no gerenciamento não operacional do CDIS.
Como o estudo foi realizado?
Os pesquisadores analisaram os casos de 35.024 mulheres diagnosticadas com carcinoma ductal in situ, entre 1988 e março de 2014. Os dados eram do NHS Breast Screening Programme e do National Cancer Registration and Analysis Service.
Deste modo, eles compararam as taxas de câncer de mama invasivo e de morte por câncer de mama com as taxas nacionais correspondentes para mulheres da mesma idade no mesmo ano.
Taxa de câncer de mama invasivo
Segundo os pesquisadores, eles descobriram que, até dezembro de 2014, 2.076 mulheres haviam desenvolvido câncer de mama invasivo. Isso corresponde a uma taxa de incidência de 8,82 por 1.000 mulheres por ano e mais que o dobro do número esperado de incidência de câncer das taxas nacionais.
Taxa de morte por câncer de mama
No mesmo grupo de mulheres, 310 morreram de câncer de mama, uma taxa de mortalidade de 1,26 por 1.000 por ano e 70% a mais do que o esperado nas taxas nacionais.
Tanto para o câncer de mama invasivo quanto para a morte por câncer de mama, os aumentos das taxas continuaram por pelo menos duas décadas.
Vigilância ativa x outros tratamentos
Portanto, segundo o estudo, as mulheres com CDIS detectadas pela triagem tiveram, em média, maiores riscos a longo prazo de câncer de mama invasivo e morte por câncer de mama do que as mulheres na população em geral, durante um período de pelo menos duas décadas após o diagnóstico.
Assim sendo, o estudo revela que as mulheres que fizeram cirurgia de conservação da mama tiveram uma taxa mais baixa de câncer de mama invasivo se também fizessem radioterapia, e as menores taxas de doenças invasivas foram nas mulheres que fizeram mastectomia.
Os pesquisadores apontam que, no momento, a vigilância das mulheres após o diagnóstico de CDIS se concentra apenas nos primeiros anos. No Reino Unido, por exemplo, a maioria das mulheres é convocada para mamografias anuais de vigilância por cinco anos. Depois, o acompanhamento é realizado a cada três anos pelo programa nacional de triagem até os 70 anos.
Mais estudos são necessários para desenvolver essas descobertas. Alguns especialistas questionaram os resultados desta pesquisa. Segundo artigo do Medscape, outros especialistas recomendaram uma revisão cuidadosa dos dados do estudo do Reino Unido para entender suas limitações e determinar as melhores abordagens para reduzir o risco de recorrência em pacientes diagnosticados com CDIS.
Além disso, questionaram que o tratamento do câncer de mama e a qualidade da mamografia mudaram significamente desde o período em que a análise retrospectiva foi realizada. Portanto, ainda são necessárias outras análises para conclusões.
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