A Universidade da Califórmia em Los Angeles (UCLA) liderou um estudo com mulheres entre 30 e 50 anos que passaram pelo tratamento de câncer de mama. O objetivo era entender se intervenções comportamentais – práticas de meditação do tipo mindfulness e aulas de educação de sobrevivência – seriam benéficas para esse perfil de paciente.
O recorte da pesquisa recaiu sobre esse grupo porque ele tem particularidades se comparado às pacientes mais velhas. É comum que mulheres com câncer de mama na faixa etária de 30 a 50 anos precisem ser submetidas a terapias mais agressivas.
A experiência dessas mulheres durante o tratamento pode envolver níveis elevados de depressão, estresse e fadiga. As consequências psicológicas, às vezes, duram por até uma década. Por isso, é tão importante olhar com cuidado para a saúde mental das pacientes que têm esse perfil. Afinal, 20% dos casos de câncer de mama atingem justamente mulheres com menos de 50 anos.
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A pesquisa demonstrou que as intervenções comportamentais demonstram benefícios em pouco tempo, com resultados após apenas seis semanas de prática. Não só o estudo demonstrou redução nos índices de depressão, como também resultou em melhoras de sintomas relacionados, como fadiga e distúrbios do sono.
O programa de meditação foi aplicado para as pacientes pela Mindful Awareness Research Center da UCLA. As práticas tiveram como foco de abordagem trabalhar com pensamentos e emoções difíceis, manejo da dor e cultivo da gentileza.
Já o programa de aulas de educação de sobrevivência abordou tópicos como qualidade de vida, cuidados médicos pós-câncer, relacionamentos afetivos, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, saúde sexual e atividades físicas.
Como a pesquisa foi feita
Para testar a efetividade das práticas em estudo, foram selecionadas 247 mulheres com 50 anos ou menos. Elas haviam tido câncer de mama em estágio inicial e completaram o tratamento entre seis meses e cinco anos antes do início da pesquisa. Todas elas apresentavam ao menos sintomas leves relacionados à depressão.
As participantes foram divididas em três grupos. Um deles participou das práticas meditativas de mindfulness, outro, das ações educativas e o terceiro foi o grupo controle.
Devido à relevância do tema, o estudo foi realizado com a colaboração de diversos pesquisadores, com liderança pela UCLA em parceria com profissionais do Johns Hopkins University School of Medicine e do Sidney Kimmel Cancer Center.
Resultados
O trabalho desenvolvido pelos pesquisadores demonstrou o forte potencial das intervenções comportamentais para reduzir o índice de depressão, sua intensidade e os demais sintomas que a acompanham.
Confira a seguir a comparação entre as duas intervenções estudadas.
Benefícios da meditação
- As mulheres que participaram do grupo de mindfulness apresentaram reduções significativas dos sintomas de depressão logo após a intervenção e nos seis meses seguintes.
- O percentual de mulheres que haviam sido clinicamente avaliadas com depressão caiu de mais de 50% para 30% nos meses de acompanhamento.
- Esse grupo apresentou redução substancial de fadiga severa, distúrbios do sono e ondas de calor nos seis meses de pesquisa.
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Ações educativas
- No caso das participantes do grupo educativo, também foi observada redução significativa dos sintomas de depressão logo após as ações e durante os seis meses posteriores.
- Esse grupo, entretanto, não apresentou resultados significativos para os efeitos secundários relacionados à depressão, como fadiga, distúrbios do sono e ondas de calor.
O que é midnfulness
Mindfulness é a qualidade de estar totalmente presente e engajado em qualquer que seja a atividade realizada. Esse estado de atenção plena é livre de distrações ou julgamentos e permite ao praticante pensamentos e emoções sem se deixar dominar por eles da maneira habitual e automática.
O treinamento para o mindfulness é realizado por meio de meditação, que, com a prática, ajuda a transformar a forma de lidar com as situações cotidianas. Dessa forma, o indivíduo tende a aprender a fazer escolhas mais conscientes e serenas. A técnica ensina o praticante a criar espaços mentais mesmo em circunstâncias desafiadoras.
Como começar a praticar mindfulness
Existem inúmeras formas de aprender a praticar o mindfulness. Sites como o headspace contam a história da prática, ensinam os fundamentos e benefícios.
Há também aplicativos pelos quais é possível realizar meditações guiadas de mindfulness gratuitamente. São exemplos: