Novo estudo diz que a maioria dos sobreviventes de câncer (56%) tende a superestimar a qualidade de suas dietas, aumentando o risco de desequilíbrio energético. Segundo a pesquisa publicada no European Journal of Clinical Nutrition, as dietas dos sobreviventes de câncer eram geralmente ruins, embora mais saudáveis do que as dietas relatadas pela população em geral.
“Nosso estudo é um passo importante na luta contra o câncer”, explica Hong Xue, professor associado do Departamento de Administração e Políticas de Saúde da Universidade George Mason que liderou o estudo. “Agora que sabemos a diferença na qualidade percebida e real da dieta entre os sobreviventes, podemos projetar intervenções personalizadas para melhorar as dietas nessa população. Sabemos de estudos anteriores que isso pode reduzir o risco de recaída do câncer e melhorar os resultados a longo prazo”, afirmou.
De acordo com a pesquisa, os sobreviventes de câncer estimam uma ingestão maior do que a real do consumo de frutas, legumes e grãos integrais. Desequilíbrio energético e alterações metabólicas após o tratamento do câncer podem afetar diretamente o risco de recidiva, progressão e mortalidade. Isso torna muito importante estimar com precisão a ingestão alimentar.
Métodos do estudo
Os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES, sigla em inglês) de 2005 a 2014. A cada ano, esta pesquisa solicita uma amostra nacionalmente representativa de cerca de 5 mil pessoas sobre o que elas comeram, como avaliam a qualidade de suas dietas e outras questões relacionadas à saúde.
Ao todo, para este estudo, os pesquisadores analisaram as informações de 2.361 sobreviventes de câncer e 23.114 pessoas que não foram diagnosticadas com câncer. Para descobrir a qualidade da alimentação, os autores do estudo usaram de base o Índice de Alimentação Saudável, que compara o que as pessoas realmente comem com as principais recomendações das Diretrizes Dietéticas para os Americanos do USDA. As pontuações do Índice de Alimentação Saudável variam de 0 a 100.
Após essa análise, o grupo de pesquisadores comparou a qualidade da dieta dos sobreviventes do câncer com:
- Como os sobreviventes avaliaram suas próprias dietas;
- Dietas de quem não foi diagnosticado com câncer;
- Resultados da qualidade da dieta dos sobreviventes de um estudo semelhante feito há 10 anos.
Como está a qualidade da dieta dos que já enfrentaram o câncer?
Segundo a pesquisa, além de mostrar que a maioria dos sobreviventes superestima a qualidade da própria dieta, o estudo mostrou que a qualidade da dieta não melhorou nos últimos 10 anos. Além disso, participantes mais velhos, com maior renda ou nível de educação e latino-americanos foram os mais propensos a superestimar a qualidade da alimentação que seguiam.
É importante ter em conta que estes resultados dependeram de relatos sobre o que comem. Mas, às vezes, as pessoas esquecem o que comem ou podem ter vergonha de dizer o que realmente comeram.
Segundo os pesquisadores, o objetivo deste estudo era entender a autopercepção dos sobreviventes de câncer sobre a qualidade da dieta. Eles afirmam que intervenções e orientações nutricionais personalizadas, com o objetivo de reduzir a divergência entre a autoavaliação e a qualidade real da dieta, têm o potencial de melhorar a sobrevivência ao câncer e reduzir as disparidades raciais/étnicas e socioeconômicas.
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