Por muitos anos, os pesquisadores vêm tentando descobrir a conexão entre a vitamina D e o câncer. Logo, depois de muita análise, em um recente artigo publicado no JAMA Network Open, pesquisadores relataram que a vitamina D foi associada a uma redução geral de 17% no risco de câncer avançado. Isso incluiu uma ampla variedade de tipos de câncer (mama, próstata, colorretal, pulmão e outros).
Inicialmente, em 2018, o estudo Vitamin D and Omega-3 Trial (VITAL) indicou que a vitamina D não reduzia a incidência geral do câncer. Mas sugeriu uma diminuição do risco de mortes por câncer. Já agora, em uma análise secundária do VITAL, a equipe de pesquisa se concentrou na relação entre tomar suplementos de vitamina D e o risco de câncer metastático ou fatal. Com isso, os pesquisadores chegaram à conclusão da associação positiva de vitamina D e a redução do risco de câncer avançado.
Como o estudo foi realizado?
O estudo VITAL foi uma investigação controlada por placebo que durou mais de 5 anos. De acordo com a pesquisa, os participantes eram homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais que não tinham câncer quando o estudo começou.
As pessoas que participaram do estudo eram racial e etnicamente diversa. Ao todo, eram 25.871 pessoas, em hospitais de Boston, nos Estados Unidos. Além disso, o VITAL foi desenvolvido para testar os efeitos independentes dos suplementos de vitamina D e ômega-3, bem como para testar a sinergia entre os dois.
Os participantes foram divididos em quatro grupos:
- Vitamina D (2.000 UI / d) e ômega-3;
- Vitamina D e placebo;
- Ômega-3 e placebo;
- Apenas placebos.
Os primeiros resultados analisados foram sobre a ocorrência de problemas cardiovasculares e a incidência de câncer.
Já na segunda análise, os pesquisadores acompanharam a possível redução de mortes por câncer, avaliando casos de câncer avançado (metastático ou fatal) entre os participantes que tomaram ou não suplementos de vitamina D durante o estudo. Dessa forma, eles também analisaram o possível efeito do índice de massa corporal (IMC).
Vitamina D e casos de câncer
Após a análise, o grupo descobriu que 1.617 participantes foram diagnosticados com câncer invasivo. Entre os tipos de câncer identificados, havia casos de mama, próstata, colorretal, pulmão e outros.
Dos quase 13 mil participantes que receberam vitamina D, 226 foram diagnosticados com câncer avançado. Mas entre os que receberam placebo, foram 274 diagnosticados com câncer.
Controle do peso, vitamina D e risco de câncer
O índice de massa corporal para um peso considerado saudável para um adulto está entre 18,5 e 24,9. Quando a equipe analisou apenas os participantes com um índice de massa corporal (IMC) saudável, foi descoberta uma redução de risco de câncer de 38%. Dessa maneira, o estudo sugere que a massa corporal pode influenciar a relação entre a vitamina D e uma diminuição do risco de câncer avançado.
Embora as descobertas sobre o IMC pudessem ser apenas coincidência, há evidências anteriores de que a massa corporal pode afetar a atividade da vitamina D. A obesidade e a inflamação associada podem diminuir a eficácia da vitamina D – possivelmente reduzindo a sensibilidade do receptor de vitamina D ou alterando a sinalização da vitamina D.
“Nossas descobertas, junto com os resultados de estudos anteriores, apoiam a avaliação contínua da suplementação de vitamina D para a prevenção do câncer metastático – uma conexão que é biologicamente plausível”, disse a autora do estudo Paulette Chandler, médica de atenção primária e epidemiologista do Brigham and Women’s Hospital, Harvard Medical School.
Mas os pesquisadores destacam que ainda são necessários estudos adicionais focando em pacientes com câncer e maior investigação do papel do IMC.