“Estamos ‘up to date’ com as novas tecnologias e ainda extremamente aptos a aperfeiçoar e melhorar o tratamento cirúrgico do câncer de mama”
Em 2015, quando estive no Japão com dr. Fukuma [Eisuke Fukuma], chefe do Depto da Mastologia do Hospital Kameda Medical Center, o principal centro de tratamento de câncer de mama daquele país, aprendi com eles como realizar cirurgias vídeo-assistidas para o tratamento cirúrgico do câncer de mama. Eles desenvolveram essa técnica em função das orientais, que além de terem, na sua maioria, mamas pequenas, inclusive muitas vezes sem sulco inframamário delimitado, eram muitas vezes desejosas de terem o menor número possível de cicatrizes.
Retornando ao Brasil, percebi que poderia transpor aquela técnica, tentando adaptá-la a nossa realidade. Com o conceito de se realizar cirurgias com estilo minimamente invasivo, resolvi realizar cirurgias conservadoras de mama, para tratar o câncer de mama inicial, através de uma incisão única, independentemente da localização do tumor e do aspecto (volume e tamanho) da mama.
Normalmente as cirurgias conservadoras são realizadas com duas cicatrizes, uma para retirar o tumor e outra cicatriz em nível axilar, com finalidade de abordar o linfonodo ou linfonodos axilares.
Inicialmente desenhei um estudo, já publicado em revista internacional indexada, PLOS One, onde comparei as duas técnicas e através do qual ficou evidente que essa técnica é factível oncologicamente, e o mais importante, é uma técnica com um resultado estético muito superior à convencional. Atualmente, tenho mais de 150 casos operados com essa técnica minimamente invasiva e com 100% de sucesso. O estudo também foi tema de artigo publicado no site OncoNews, portal especializado em oncologia.
Técnica ELLIOT x Intrabeam
Desde 2004, vinha utilizando a técnica chamada ELLIOT, ou seja, uma modalidade de tratamento radioterápico intra-operatório desenvolvida pelos italianos. Introduzi essa modalidade em 2004/2005 no Hospital Israelita Albert Einstein e tratei mais de 150 pacientes com essa técnica. No entanto, apesar dessa modalidade de tratamento radioterápico ser excelente, a aplicação da radiação tem que ser realizada diretamente sobre a área tumoral o que, em muitos casos, apesar de ser um tratamento oncológico satisfatório, nem sempre permitia um adequado acabamento cosmético.
Com o “intrabeam”, outra modalidade de radioterápica intra-operatória, sendo introduzido mais recentemente em nosso hospital, pude então perceber que essa modalidade permitia, sim, a união do tratamento radioterápico adequado com um tratamento cirúrgico minimamente invasivo, permitindo um resultado muito cosmético e oncologicamente seguro.
Sendo assim, filmamos, obviamente com termo de consentimento assinado pelas respectivas pacientes, e registramos alguns casos através de uma filmagem, onde enviamos dois desses filmes cirúrgicos para o principal evento de radioterapia intra-operatória americano, a conferência anual do TARGIT Collaborative Group.
Esse evento será realizado em 8 e 9 de fevereiro, e meus filmes foram selecionados para serem apresentados e debatidos publicamente.
Essa será uma ótima oportunidade para mostrar que, por aqui, nós brasileiros estamos “up to date” com as novas tecnologias e ainda extremamente aptos a aperfeiçoar e melhorar o tratamento cirúrgico do câncer de mama.
Dr. Silvio Bromberg.