Uso prolongado de tamoxifeno reduz risco de câncer de mama contralateral
Pacientes que enfrentaram um câncer de mama invasivo e foram tratadas com tamoxifeno em longo prazo têm menos chances de desenvolver a doença na mama contrária à que foi operada do que aquelas medicadas por menos tempo. Segundo um estudo publicado no jornal científico Jama Oncology, realizado com 7.500 pacientes, quanto mais tempo as mulheres permanecerem em terapia, menor o risco da doença se desenvolver na mama oposta. Na média, pacientes que tomaram tamoxifeno durante quatro anos tiveram risco reduzido em 66%.
Utilizado há cerca de 30 anos, o tamoxifeno é indicado pelos médicos como complemento à cirurgia e à quimioterapia. O medicamento é responsável por reduzir as chances de uma mulher desenvolver câncer de mama ao interferir na atividade do estrogênio no corpo. Mas para que ele tenha esse efeito protetor, é preciso que as mulheres respeitem o ciclo completo de tratamento, que geralmente é de cerca de cinco anos. Algumas das pacientes que fizeram parte do estudo estavam recebendo o tamoxifeno há mais de 16 anos.
As pacientes, acompanhadas pelos pesquisadores durante aproximadamente seis anos, tinham em média 60 anos e estavam na fase pós-menopausa. Cerca de 52% delas usaram tamoxifeno pelo menos durante três anos. Mas os efeitos positivos só foram observados naquelas que tiveram câncer de mama com receptores de estrogênio positivo; os pesquisadores não observaram nenhuma associação entre o uso de tamoxifeno e o menor risco de câncer de mama contralateral nas mulheres cujo câncer inicial era receptor de estrogênio negativo, que é mais diícil de ser tratado.
Os pesquisadores acreditam que a adesão à terapia com tamoxifeno em longo prazo é essencial para diminuir o risco de recorrência da doença. O problema é que muitas mulheres acabam não aderindo ao tratamento por causa dos efeitos colaterais que ele traz, como retenção de líquidos, náuseas, perda de peso e alterações na pele, além de dores musculares e nas articulações. Estima-se que entre 19% a 33% das pacientes abandonem o tratamento nos três primeiros anos, e esse número pode chegar até 50% em cinco anos. O resultado é a recorrência precoce da doença, a piora da qualidade de vida e o aumento do risco de morte. Apesar dos efeitos adversos, o medicamento já comprovou que, além de evitar a recidiva do câncer, reduz o risco de doenças cardiovasculares e de perda óssea, principalmente nas mulheres que estão na fase pós-menopausa.
Além disso, os cientistas afirmam que o uso de tamoxifeno pode ajudar a reduzir a densidade da mama, diminuindo o risco de desenvolvimento do câncer. Segundo eles, a redução da densidade mamária pode ser um marcador que ajudará os médicos a ter mais certeza sobre a eficácia do medicamento, identificando com mais facilidade as mulheres que respondem melhor à terapia com tamoxifeno.