Estima-se que 80% dos pacientes com câncer de mama nos Estados Unidos usam terapias integrativas e complementares após o diagnóstico da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso desses tratamentos para aliviar a dor e outros sintomas.
Entretanto, faltam evidências que ajudem os médicos e os pacientes a terem mais segurança quanto à eficácia e à segurança desses tratamentos. A boa notícia é que acaba de ser publicado nos Estados Unidos um guia com as diretrizes dessas terapias para pacientes com câncer de mama, pela Society for Integrative Oncology (SIO).
Os autores validaram mais de 80 tipos diferentes de terapias e 30 intervenções, que incluem acupuntura, suplementos nutricionais, ioga e meditação. Os pesquisadores deram notas, sendo A, B e C as maiores. A meditação, a ioga e o relaxamento alcançaram a nota A, ou seja, foram recomendadas para uso rotineiro para tratar condições como ansiedade e alterações no humor.
Essas terapias ganharam nota B para reduzir estresse, depressão e fadiga. A acupuntura também foi recomendada para controlar os enjoos e os vômitos causados pela quimioterapia. Já a musicoterapia e a massagem receberam nota B e recomendação para reduzir a ansiedade e alterações no humor. Algumas terapias receberam notas mais baixas ou não foram recomendadas devido a conflitos de informações ou por falta de evidências científicas.
Uma das informações mais importantes desse documento é sobre um suplemento muito usado por pacientes, a carnitina, como forma de prevenir a neuropatia relacionada à quimioterapia. Os pesquisadores descobriram que a substância aumenta o risco da doença e não diminui, como se pensava antes.
Muitas terapias não apresentaram evidências suficientes para serem recomendadas e precisam de mais estudos para mostrar os possíveis benefícios. A maioria dos suplementos alimentares e dos produtos fitoterápicos não entrou no guia. Os únicos a serem incluídos foram o ginseng, indicado para melhorar a fadiga e o gengibre para aliviar os enjoos e vômitos causados pela quimioterapia.
É fato que o estresse físico e emocional de quem passa por um câncer precisa ser bem gerenciando. É comum surgirem problemas como ansiedade, mudanças no humor e enjoos. Porém, nem todos os tratamentos complementares oferecem benefícios e, como o guia mostrou, alguns oferecem riscos.
Essas diretrizes certamente irão ajudar os médicos a avaliarem as terapias e indicarem para os pacientes as mais seguras e eficazes. Mas, outros estudos são necessários. Vale lembrar que como o nome diz, são terapias complementares ou integrativas, que não devem substituir os tratamentos indicados pelo médico.