Uma nova técnica pode ajudar no diagnóstico e na prevenção da progressão do linfedema, uma complicação temida que pode se desenvolver após a cirurgia ou terapias de câncer de mama. De acordo com um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos, o uso da espectroscopia de bioimpedância (BIS), um dispositivo que usa corrente elétrica para medir o volume do fluido intercelular, foi mais eficaz do que métodos usados atualmente.
“O linfedema relacionado ao câncer de mama é um inchaço crônico e debilitante do braço que pode resultar de cirurgia, radiação ou quimioterapia que afeta os gânglios linfáticos. O linfedema reduz significativamente a qualidade de vida e aparece constantemente como o medo número um de sobreviventes de câncer de mama”, diz a principal autora do estudo Sheila Ridner, RN, PhD, da Escola de Enfermagem da Universidade Vanderbilt, no Tennessee, EUA. Hoje em dia, o linfedema geralmente é diagnosticado medindo a circunferência do braço com uma fita métrica.
A pesquisa analisou 508 pacientes por pelo menos 12 meses após a cirurgia. Elas apresentavam câncer de mama invasivo estágio I-III ou carcinoma ductal in situ que havia sido tratada com mastectomia, tratamento axilar ou quimioterapia baseada em taxano. O estudo foi apresentado na Reunião Anual da American Society of Breast Surgeons de 2019.
Tratamento precoce auxilia na prevenção da progressão
Os pacientes foram divididos em dois grupos, um que usou o BIS e outro a fita métrica. No estudo, 68 pacientes com fita (28,5%) e 41 pacientes com a bioimpedância (15,81%) ou 21% do total de participantes atingiram os limiares e desencadearam intervenções.
O estudo constatou que menos mulheres evoluíram para linfedema quando encaminhadas para terapia por espectroscopia de bioimpedância. Segundo a análise, as mulheres que foram avaliadas pelo BIS e foram encaminhadas para tratamento precoce tiveram um índice absoluto de 9,8% e uma redução relativa de 67% no linfedema clinicamente diagnosticado, quando comparado com mulheres que foram avaliadas com uma fita métrica.
Ambos os grupos de pacientes receberam o mesmo tratamento com terapia compressiva, que consistiu na compressão do braço usando bandagem justa no peito por 12 horas diárias durante 28 dias.
De acordo com os pesquisadores, contando com a corrente elétrica para medir a resistência do fluido entre as células, a espectroscopia de bioimpedância fornece medidas extremamente específicas e precisas. Já a avaliação com fita métrica aumenta o risco de erro humano. “Este estudo sugere que a espectroscopia de bioimpedância é uma ferramenta altamente eficaz para identificar pacientes em risco”, afirma a Dra. Ridner.