Não é de hoje que cientistas investigam e a imprensa repercute a conexão entre a relação de vitamina D e câncer de mama. A dúvida levantada, na maioria das vezes, passa por entender se baixos níveis desse nutriente estariam associados com maiores chances de desenvolver a doença.
A mais nova contribuição para a discussão mostra uma possível resposta para essa questão. Uma revisão integrativa da literatura disponível sobre o tema publicada em fevereiro de 2024 mostrou que níveis séricos (ou seja, medidos através do sangue) de vitamina D acima de 40 ng/mL podem oferecer alguma proteção contra as neoplasias malignas.
O que se sabe sobre a conexão entre vitamina D e câncer de mama
Na prática, a vitamina D é um tipo de hormônio que o próprio organismo produz mediante a exposição da pele à luz solar. Além disso, alguns alimentos podem contribuir com diferentes quantidades do elemento, embora isso nem sempre seja significante.
A principal função da vitamina D no organismo é ajudar na absorção do cálcio, elemento essencial da estrutura dos ossos. Além disso, ela desempenha papel essencial em diversos mecanismos do sistema imune, da função muscular e do sistema nervoso.
Há algum tempo suspeita-se que a deficiência de vitamina D pode favorecer a chance de ter um câncer de mama. A partir disso, várias investigações vêm sendo feitas também para determinar como isso pode influenciar no risco de recidivas ou na piora dos prognósticos.
Para se ter uma ideia, uma metanálise (ou seja, uma avaliação estatística a partir de dados de outros estudos), publicada em 2009, já alegava que níveis mais altos de vitamina D estariam associados com um risco até 45% menor de ter um câncer de mama.
Outro estudo, dessa vez de 2017, demonstrou que níveis maiores de vitamina D no momento do diagnóstico de um câncer de mama estariam associados a uma maior taxa de sobrevida entre as pacientes neste grupo.
Seja como for, esse é um campo de estudo em aberto, com muitas dúvidas ainda pairando sobre o ar. De qualquer maneira, saber mais sobre o assunto pode ser uma ferramenta importante de fortalecimento da prevenção do câncer
Como baixos níveis de vitamina D podem influenciar no risco de ter um tumor na mama
Ainda com o intuito de esclarecer as muitas dúvidas, um grupo de autores avaliou a literatura sobre o tema nos últimos cinco anos. O objetivo era determinar se haveria uma concentração de vitamina D no organismo capaz de oferecer algum tipo efeito protetivo contra o risco de desenvolver um câncer de mama.
Ao todo, após uma seleção a partir de alguns critérios, 16 estudos prévios foram selecionados. Eles analisavam mulheres adultas e de que forma os seus níveis de vitamina D poderiam estar associados ao risco de câncer de mama.
No fim, os autores concluíram que um nível sérico de vitamina D acima de 40 ng/mL pode conferir alguma proteção contra o câncer de mama. Como referência, na média, esse valor é o dobro dos patamares que indicam deficiência da vitamina (abaixo de 20 ng/ml).
Mas o que explicaria tal associação? Não se sabe ao certo de que forma mais ou menos a vitamina D poderia influenciar na possibilidade de ter um tumor na mama. As hipóteses mais ventiladas envolvem:
- Estilo de vida saudável associado a um maior nível de vitamina D;
- Associação entre a presença de vitamina D e o metabolismo do cálcio, sobretudo em mulheres na pós-menopausa;
- Regulação da atividade de determinados genes;
- Alterações no sistema imune, que podem conter o surgimento de marcadores inflamatórios;
- Mudanças hormonais.
O que isso significa na prática
Quando se fala em prevenção do câncer de mama, é fundamental lembrar que essa é uma doença complexa. Entre outras coisas, isso significa que é difícil (senão impossível) isolar os fatores de risco responsáveis pelo desenvolvimento da condição, embora se saiba que alguns hábitos ou comportamentos possam sim aumentar tal probabilidade.
No caso da vitamina D, levando em conta que a sua deficiência é comum entre as mulheres, a recomendação é sempre avaliar a quantas anda a concentração do nutriente no organismo.
Se existem dúvidas se tal aspecto não influencia no câncer de mama, já é bem claro que as deficiências da vitamina D podem aumentar a chance de outros problemas de saúde. Um dos mais conhecidos é a osteoporose, por exemplo.
Nos casos em que a exposição ao Sol e o consumo de alimentos ricos em vitamina D (como laticínios, carnes, peixes e ovos) não forem suficientes para garantir um nível adequado do nutriente, o médico e/ou nutricionista pode avaliar a necessidade de suplementá-lo.
Agora que você sabe um pouco mais da relação entre vitamina D e câncer de mama, aproveite para entender melhor quais são outros fatores de risco para esse tipo de tumor que contam com evidências sólidas.