Não é de hoje que a ciência vem investigando a relação entre exercícios físicos e câncer de mama (e de outros tipos de neoplasia). Desse modo, já foi possível acumular um nível significativo de evidências mostrando como reduzir o sedentarismo pode diminuir a possibilidade de sofrer com a doença.
Com isso em mente, um estudo tentou demonstrar em ratos de que forma os exercícios físicos estão associados na supressão de vias de sinalização celular envolvidas no crescimento das células do tumor. Tal mecanismo, em alguns casos, poderia até mesmo contribuir para a morte delas.
O artigo, publicado em outubro de 2022, foi assinado por pesquisadores da School of Veterinary Medicine and Biomedical Sciences, da Universidade Texas A&M.
Como os exercícios podem ajudar a combater o câncer de mama de acordo com o estudo em questão?
Para chegar às conclusões apresentadas no estudo, os autores submeteram ratos a programas de exercícios. O volume de atividade física proposto foi compatível com aquele que seria recomendado para reduzir o risco de câncer de mama em humanos. Ao todo, os ratos foram treinados por cinco semanas.
Ao final do período, moléculas chamadas de miocinas, presentes na circulação dos animais utilizados no estudo, se mostraram capazes de reduzir a proliferação de culturas (ou seja, amostras celulares preparadas em laboratório) de células cancerígenas. Parte desses resultados foram replicados in vivo (ou seja, em ratos que carregavam no organismo as células cancerígenas).
Os responsáveis pela pesquisa destacam que as miocinas se acumulam naturalmente no tecido muscular. No entanto, elas são liberadas na circulação somente durante a contração dos músculos, o que costuma acontecer durante a prática de diferentes tipos de exercícios.
Com isso, exercícios regulares poderiam favorecer a presença de mais miocinas na circulação, destruindo células cancerígenas ainda em estágio inicial, antes que elas possam se desenvolver plenamente. Dessa forma, esse mecanismo reforçaria a importância desse hábito na prevenção do câncer.
Ainda assim, os autores do estudo mostram que as suas conclusões ainda precisam de mais investigação para serem melhor compreendidas. Além de mais detalhes do mecanismo fisiológico em si, é preciso esclarecer, por exemplo, se exercícios resistidos (ou seja, de força, como a musculação), são mais eficientes para estimular a liberação das miocinas do que os exercícios aeróbicos.
No fim, espera-se que novas pesquisas derivadas desse achado ajudem a entender melhor a evolução dos tumores malignos e contribuam para outras opções de tratamento.
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Acima de tudo, é importante reforçar que as conclusões dos pesquisadores norte-americanos se deram com base em experimentos feitos com ratos. Assim sendo, nem sempre é possível transportar imediatamente qualquer conclusão para aquilo que acontece no organismo humano.
De qualquer maneira, as conclusões apresentadas são mais um tijolinho na construção do volume de evidências que reforça o papel dos exercícios na prevenção de diferentes tipos de câncer, inclusive nas mamas.
Nunca é demais lembrar que o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Embora seja resultado da interação de vários fatores, mudanças comportamentais podem reduzir o risco de desenvolver essa doença.
Por isso, toda mulher deve ser incentivada a acumular semanalmente, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada. Qualquer forma de movimentação conta, desde ir ao mercado andando até pedalar no fim de semana. Além disso, vale sempre ter em mente que qualquer exercício é sempre melhor do que nenhum e quanto menos tempo parado, melhor.
Em mulheres já diagnosticadas com câncer de mama e que estão sendo submetidas a diferentes terapias, os exercícios também podem contribuir para reduzir os prejuízos à qualidade de vida comuns nesse período. Outros benefícios envolvem a redução do risco de remissão e de aumento na sobrevida depois de terminado o tratamento.
Em suma, ainda que muito precise ser esclarecido na relação entre exercícios físicos e câncer de mama, não é possível desprezar os benefícios dessa conexão para a prevenção e até mesmo o tratamento dessa condição.
A dieta é outro fator de risco modificável para diferentes tipos de câncer. Por isso, veja o que já se sabe da relação entre a doença e o consumo dos chamados alimentos ultraprocessados ao longo da vida.