Um sistema de inteligência artificial (IA) do Google mostrou-se tão bom quanto radiologistas especialistas em prever quais mulheres tinham câncer de mama com base em exames de mamografia, relataram pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido. O estudo, publicado na revista Nature, é o mais recente a mostrar que a inteligência artificial tem o potencial de melhorar a precisão do rastreamento do câncer de mama.
A mamografia de rastreamento tem como objetivo identificar o câncer de mama em estágios iniciais da doença, quando o tratamento pode ter melhores resultados. Porém, de acordo com o estudo, apesar da existência de programas de rastreamento em todo o mundo, a interpretação das mamografias é afetada por altas taxas de falsos positivos e falsos negativos. A pesquisa afirma que a tarefa de análise de imagem é desafiadora pois o câncer pode estar mascarado nas mamografias pela sobreposição de tecido mamário denso.
Por isso, pesquisadores buscaram desenvolver um sistema que pudesse ter mais sucesso. Os autores relatam que o sistema de IA superou as decisões históricas tomadas pelos radiologistas que avaliaram inicialmente as mamografias.
Como o estudo foi realizado?
A pesquisa, desenvolvida em conjunto pela Cancer Research UK Imperial College, Northwestern University, Royal Surrey County Hospital e Google Health, treinou uma rede neural usando 76 mil mamografias de mulheres inglesas e 15 mil norte-americanas.
O sistema foi usado para identificar a presença de câncer de mama em mamografias de mulheres que tiveram câncer de mama comprovado por biópsia e também resultados normais de imagem de acompanhamento pelo menos 365 dias depois. Depois de treinado, o sistema de IA foi usado para analisar mamografias de 25.856 mulheres no Reino Unido e de 3.097 mulheres nos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, apenas um radiologista lê os resultados e os exames são feitos a cada um ou dois anos. No Reino Unido, os exames são realizados a cada três anos e cada um é lido por dois radiologistas. Quando discordam, um terceiro é consultado.
Redução de falso positivo e falso negativo
O estudo mostrou que o sistema de IA pode identificar câncer com um grau de precisão semelhante aos radiologistas. Além disse, ele reduziu o número de resultados falsos positivos em 5,7% no grupo com sede nos EUA e em 1,2% no grupo com base no Reino Unido. Também houve redução do número de falsos negativos, os quais os exames são erroneamente classificados como normais. Nesse caso, a redução foi de 9,4% no grupo norte-americano e em 2,7% no grupo britânico.
A inteligência artificial irá substituir os médicos?
Segundo o estudo, a ideia não é substituir humanos por uma IA. Mas sim usá-la para reduzir a carga de trabalho e ajudar a cobrir um déficit de especialistas na área. Estima-se que haja hoje uma escassez de mais de mil radiologistas em todo o Reino Unido.
Em um teste separado, o grupo de pesquisadores simulou como o sistema de IA trabalharia em conjunto com um radiologista humano. A IA e os radiologistas concordaram 88% das vezes, o que significa que apenas 12% das varreduras teriam que ser lidas por outro profissional.
Limitações do estudo
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores enfatizam que o trabalho ainda está nos estágios iniciais e tem algumas limitações. Por exemplo, o estudo não incluiu todas as diferentes tecnologias de mamografia que se usam atualmente. A maioria das imagens foi obtida usando um sistema de mamografia de um único fabricante. Mais estudos serão necessários para mostrar que a ferramenta pode auxiliar no atendimento ao paciente.
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