Linfedemas após câncer de mama são uma complicação relativamente comum. Eles se manifestam como forma de inchaço nos membros superiores, causado principalmente por alguns tratamentos (sobretudo os procedimentos cirúrgicos seguidos da aplicação de radiação) utilizados para eliminar o tumor diagnosticado.
Nesse contexto, um estudo publicado em junho de 2025 no periódico JAMA Network Open demonstrou que exercícios de força não pioraram os linfedemas. Pelo contrário: no período analisado, a rotina de treinamentos melhorou a distribuição de fluidos no local, atenuou o incomodo e aumentou a massa muscular dos membros superiores.
O que são os linfedemas e por que eles são comuns após o câncer de mama
De modo geral, é possível definir os linfedemas como o inchaço que se manifesta nos braços. Eles surgem principalmente após tratamentos que interferem em um ou mais linfonodos da axila.
Essas estruturas são parte essencial do sistema linfático. Sua função é drenar a linfa, fluido que circula por essa região, atuando como parte dos mecanismos de defesa do organismo.
Não raro, em casos de câncer de mama, os linfonodos da axila são removidos ou tratados com radiação. Contudo, isso pode gerar um dano permanente, dificultando a drenagem adequada do líquido linfático.
Além do aumento de volume dos membros superiores (especialmente do lado em que foi feito o tratamento), é possível que apareçam sinais que incluem:
- Sensação de peso no braço.
- Dormência ou mesmo sensação dolorida, que dificulta o movimento do ombro e do cotovelo.
- Fraqueza localizada, reduzindo a eficiência de tarefas cotidianas (como levantar peso ou até dirigir).
- Dificuldade em vestir roupas (como sutiãs ou camisetas) ou acessórios (como anéis e pulseiras) que antes serviam normalmente.
- Ressecamento e espessamento da pele na região inchada.
Segundo dados de artigo publicado no Journal of Clinical Oncology, a incidência de casos de linfedema varia bastante. Ela vai de 3% a 8% após uma biópsia do linfonodo sentinela e pode ultrapassar 25% após dissecção do linfonodo axilar.
Entre alguns dos fatores de risco que acentuam essa probabilidade estão infecções pós-operatórias, tempo de recuperação da cirurgia, histórico anterior de intervenções cirúrgicas ou radioterápicas, sobrepeso ou obesidade e excesso de esforço físico com o braço afetado.
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Como os exercícios de força podem beneficiar as pacientes nesse contexto
Ao destacar o esforço físico, cabe ressaltar que há evidências de que pacientes em tratamento para câncer de mama podem obter uma série de benefícios da prática regular de exercícios físicos, incluindo aqueles de força, voltados para ampliar a massa muscular e óssea.
No entanto, os autores do estudo destacado na introdução reforçavam que, até então, havia limitações sobre esses ganhos diante da presença de linfedemas. Afinal, essa recomendação poderia ser estendida para essas mulheres, sob o risco de piorar a condição? Para verificar essa hipótese, eles reuniram 115 mulheres com diagnóstico de câncer de mama.
- Em sua maioria (83%), elas haviam passado por biópsias de linfonodo sentinela.
- O restante foi submetido a uma dissecção dos linfonodos axilares.
- No momento do início do estudo, 13% das pacientes apresentavam sinais clínicos de linfedema (que foi estabelecido em um patamar baixo, considerando um aumento de apenas 3% na circunferência do braço).
Posteriormente, as participantes do estudo foram convidadas a se engajar em rotinas de exercício de força ao longo de três meses, com sessões três vezes por semana, que iam progredindo em intensidade à medida que o tempo passava. Os movimentos envolviam o emprego de pesos, faixas elásticas e exercícios usando o próprio peso corporal (como flexões, por exemplo).
Todas as participantes foram submetidas a avaliações de bioimpedância. Isso permitiu que se mensurasse a distribuição de fluidos por todo o corpo antes e depois dos exercícios.
No fim, nenhuma das participantes teve constatada piora no quadro de linfedema. Além disso, houve registro de aumento na massa magra em ambos os braços na maioria das pacientes, acompanhada de uma melhoria na distribuição dos fluidos corporais. Por fim, foi notada uma redução do inchaço característico dos linfedemas após câncer de mama.
Que outras recomendações fazem a diferença nesse quadro?
Os autores concluem que pode haver um papel importante dos treinamentos de força na prevenção e manejo dos linfedemas. Logo, esse seria um ponto relevante na orientação sobre que cuidados as pacientes poderiam adotar em suas rotinas depois do tratamento, reduzindo o risco de complicações do tipo.
De todo modo, quem passou por uma cirurgia para o câncer de mama ou fez tratamento utilizando radiação deve seguir as orientações da equipe responsável para receber recomendações personalizadas.
A partir de uma avaliação individualizada, médicos e outros profissionais (como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais) podem identificar fatores de risco e indicar as melhores recomendações para evitar a queixa.
Entre algumas das medidas mais efetivas no controle dos linfedemas após o câncer de mama estão o controle do peso, a prevenção de infecções pós-operatórias, rotinas específicas de exercícios e o uso de mangas elásticas de compressão, se isso for considerado pertinente.
Antes de ir embora, aproveite e entenda como exercícios para pacientes com câncer de mama podem melhorar a qualidade de vida e reduzir custos com saúde.