Um estudo recentemente publicado no The Lancet trouxe novas descobertas sobre a idade para começar o rastreamento do câncer de mama com mamografia. De acordo com a pesquisa, a realização anual da mamografia a partir dos 40 anos ajuda a reduzir a mortalidade de câncer de mama entre as mulheres.
Atualmente, entidades como o Ministério da Saúde, no Brasil, e a Organização Mundial de Saúde, recomendam que a mamografia seja feita bianualmente e após os 50 anos de idade. Mas, alguns especialistas costumam solicitar o exame anualmente a partir dos 40 anos de idade. Essa recomendação é apoiada pela Sociedade Brasileira de Mastologia e pela American College of Radiology.
Portanto, vamos entender, a seguir, as novas descobertas publicadas no The Lancet sobre o tema. O estudo é chamado UK Age Trial.
Como o estudo foi realizado?
Chefiado por pesquisadores da Queen Mary University of London, o trabalho contou com a participação de cerca de 160 mil mulheres no Reino Unido. O recrutamento das participantes aconteceu entre 1990 e 1997. Assim sendo, elas foram acompanhadas ao longo de mais de duas décadas.
As participantes, todas então com idade entre 39 e 41 anos, foram separadas em dois grupos.
- O primeiro grupo incluiu 53.883 participantes que realizaram o rastreamento anual a partir dos 40 anos. A análise ocorreu até a idade de 48 anos.
- O segundo grupo contou com 106.953 mulheres para o grupo de controle, que só iniciou o rastreamento com mamografia após os 50 anos de idade.
Com esse cenário, os pesquisadores avaliaram a mortalidade por câncer de mama.
Redução significativa da mortalidade por câncer de mama
O estudo apontou que a mamografia a partir dos 40 anos pode levar a uma redução “substancial e significativa” de 25% da mortalidade por câncer de mama durante os primeiros 10 anos de acompanhamento. De acordo com os pesquisadores, 83 mulheres do grupo que começou o rastreamento aos 40 anos haviam morrido por um tumor na mama. Isso após uma década de acompanhamento.
Já entre as mulheres que não passaram pelo exame de rotina, foram registradas 219 mortes. E nos dez anos seguintes nenhuma diferença significativa foi observada na mortalidade entre os grupos.
“Nossos resultados de fato indicam que o rastreamento antes dos 50 anos realmente previne mortes por câncer de mama, com uma carga adicional mínima de diagnósticos prescindíveis”, disse o autor do estudo, Stephen W. Duffy, diretor da Unidade de Pesquisa de Políticas de conscientização, rastreamento e diagnóstico precoce de câncer na Queen Mary University, no Reino Unido, ao Medscape.
Segundo os autores da publicação, a redução das mortes é atribuída à detecção precoce do câncer nos graus 1 e 2, que progride mais rapidamente em mulheres jovens.
Resultados de falso-positivo
Além disso, o estudo afirma que, ao todo, 7.893 mulheres (18,1%) tiveram pelo menos um resultado falso-positivo. Mas os índices foram semelhantes nas duas faixas etárias: 40 a 49 anos e 50 a 69 anos.
Limitações do estudo
O estudo também observou que o tratamento do câncer de mama evoluiu desde quando a pesquisa começou, então “pode haver menos espaço para o rastreamento para reduzir a mortalidade atualmente”.
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Entenda melhor a classificação BI-RADS®Dessa forma, a pesquisa britânica não é definitiva para mudar as diretrizes das autoridades mundiais de saúde em relação à idade para o início do exame de mamografia. Mas, os pesquisadores afirmam que os resultados podem ser levados em conta para uma análise mais ampla e maior debate sobre o tema.
Leia algumas dicas sobre como se preparar para a mamografia aqui.