São grandes as chances de que uma paciente diagnosticada com câncer de mama receba prescrição de um tratamento quimioterápico. Nesse contexto, é possível que a administração dos medicamentos varie entre a quimioterapia vermelha e a branca.
Esses termos remetem principalmente às cores de alguns fármacos, mas podem indicar algumas características sobre cada abordagem da terapia. Assim sendo, algumas dúvidas sobre o tema são relativamente comuns e merecem o devido esclarecimento.
Como funciona e quais os objetivos gerais da quimioterapia?
Antes de diferenciar a quimioterapia vermelha da branca, vale repassar rapidamente o que é e para que serve esse tipo de tratamento.
Na prática, um medicamento quimioterápico tem como objetivo destruir as células cancerígenas, que tendem a se multiplicar de forma muito rápida. Para funcionar, o fármaco deve circular pela corrente sanguínea e percorrer todo o corpo. Desse modo, essa terapia é classificada como sistêmica.
Nem todo caso de câncer de mama precisa de quimioterapia. Por outro lado, em várias circunstâncias esse costuma ser um tratamento indicado. De forma geral, ele pode ser prescrito:
- antes de outros tratamentos (como as cirurgias), o que recebe o nome de terapia neoadjuvante.
- depois de outros tratamentos, o que é denominado terapia adjuvante.
- de forma isolada, em que outras opções de tratamento não são necessárias.
Além disso, a quimioterapia pode ser um recurso valioso em casos de câncer metastático, em que o tumor se espalhou além do ponto original em que ele se manifestou inicialmente. Mesmo quando não se consiga eliminar por completo a doença, essa abordagem ajuda a retardar a progressão e minimizar os sintomas.
Quais as particularidades de cada tipo de quimioterapia?
As características que diferenciam as quimioterapias vermelha e branca dizem respeito aos medicamentos utilizados em cada uma delas, em virtude de cores específicas de algumas substâncias.
Entretanto, cabe reforçar que as cores não têm necessariamente relação com o fato de um medicamento ser mais forte do que outro, nem mesmo nos possíveis efeitos colaterais provocados por eles.
Quimioterapia vermelha
A quimioterapia vermelha engloba, sobretudo, os medicamentos das classes das antraciclinas. Eles são bastante utilizados em casos de câncer de mama, já há algumas décadas.
Entre as antraciclinas mais conhecidas estão a doxorrubicina e a epirrubicina. Como curiosidade, ambas carregam o “rubi” nos nomes, fazendo referência ao tom avermelhado da solução. Tal tonalidade é resultado dos processos físicos e químicos necessários à produção da molécula terapêutica.
Isso pode variar de caso a caso, mas a adoção desse tipo de medicamento (em especial a doxorrubicina) está associada a efeitos colaterais mais intensos. Entre os mais conhecidos estão náuseas, vômitos e perda de cabelo. Além disso, esses fármacos podem ser contraindicados em casos de problemas cardíacos.
Quimioterapia branca
A quimioterapia branca, como sugere o nome, é composta por medicamentos que não apresentam coloração ou são levemente esbranquiçados.
Entre os representantes mais conhecidos dessa categoria estão os taxanos (docetaxel e o paclitaxel) e a ciclofosfamida. De toda forma, é possível incluir nessa divisão praticamente todo quimioterápico que não sejam não as antraciclinas.
Novamente isso oscila conforme as circunstâncias, mas a quimioterapia branca é menos tóxica às pacientes e provoca efeitos colaterais em tese mais brandos. Com isso, ela costuma ser mais bem tolerada. Ainda assim, vários desconfortos podem ser notados, bem como alterações na imunidade (pela destruição dos glóbulos brancos).
Combinações de tratamentos e outras cores
Essa divisão entre quimioterapia vermelha e branca não significa que todas as substâncias utilizadas para esse fim têm essas cores. Existem, por exemplo, medicamentos quimioterápicos amarelados e azulados.
Além disso, não necessariamente uma paciente será submetida sempre às mesmas doses de cada fármaco. Ou seja, pode haver várias combinações nos regimes de administração dos medicamentos, considerando as características de cada quadro.
O que esperar das sessões de quimioterapia?
Nos casos de câncer de mama, as doses de medicação quimioterápica costumam ser aplicadas de forma intravenosa. Em resumo, isso significa que elas são injetadas na corrente sanguínea, geralmente com o auxílio de um catéter em um ambiente ambulatorial (onde a pessoa recebe o remédio e depois volta para a casa).
Em toda quimioterapia a contagem de cada dose recebe o nome de “ciclo”. Em média, tal período pode levar alguns dias ou semanas. Tal intervalo permite ainda que o corpo se recupere dos efeitos colaterais mais agudos provocados pelo fármaco.
Com isso, a paciente será orientada sobre quanto tempo será necessário esperar até a próxima sessão. O número de ciclos dependerá de uma série de fatores, incluindo a gravidade da doença.
Já a intensidade e a duração dos efeitos colaterais podem sofrer influência do tamanho da dose administrada e da duração do tratamento. Independente disso, a Sociedade Americana do Câncer aponta que as queixas mais comuns desencadeadas como resultado dessa abordagem são:
- Queda de cabelo.
- Perda de apetite e redução no peso.
- Fadiga.
- Náuseas e vômitos.
- Diarreia.
- Alterações nas unhas.
- Feridas na boca.
- Neuropatias (danos nos nervos em especial das mãos e dos pés).
- Fogachos e outros sintomas comumente associados à menopausa.
- Problemas de fertilidade.
- Queda na contagem dos glóbulos brancos.
A maior parte desses problemas desaparece depois que o tratamento termina. Além disso, vários deles podem ser manejados com o devido suporte médico, que também orienta sobre possíveis alterações associadas a quimioterápicos específicos, seja da quimioterapia vermelha e branca, seja de qualquer outra etapa da terapia.
Entenda melhor como o atraso na quimioterapia pode prejudicar a sobrevida da paciente com câncer de mama.
1 Comment
Adorei o texto e claro bem explicativo!! Fiz quimioterapia a treis anos precisei quimio vermelha e branca atualmente faço uso tamoxifeno sinto muita dor nos pés, pernas e fadiga…gostaria de ler mas sobre esses efeitos da medicação. Obg
💕🙏