Um novo estudo, realizado na Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) e publicado em 21 de janeiro na revista JNCI Cancer Spectrum, mostra que pacientes com câncer em remissão também correm alto risco de ter complicações graves de COVID-19, em caso de infecção pelo novo coronavírus.
Já havia sido demonstrado que pacientes em tratamento do câncer, dentro ou fora de hospital, apresentam esse risco aumentado. Os piores desfechos da doença foram mais fortemente associados ao câncer ativo (doença metastática e/ou recebendo terapia sistêmica direcionada, radioterapia ou ressecção cirúrgica nos dois meses antes do diagnóstico de COVID-19), mas o risco para pacientes com câncer em remissão foi maior do que em pacientes que não tinham câncer.
De acordo com os autores do artigo, o aumento da morbidade e da mortalidade por COVID-19 em pacientes com câncer pode ser atribuído em parte ao próprio câncer, mas também a comorbidades, ao tabagismo, à exposição frequente a certos tratamentos e ao envelhecimento.
Com isso, reforça-se a recomendação para que todas as precauções preventivas contra o contágio pelo vírus SARS-CoV-2 sejam tomadas com todos os pacientes oncológicos, dentro e fora dos hospitais.
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O que o novo estudo analisou?
A maioria dos estudos anteriores havia focado em pacientes com câncer que foram hospitalizados com COVID-19 grave. Por essa razão, não estava claro se o câncer em si tinha um impacto adverso independente nos resultados clínicos no caso de infecção pelo novo coronavírus. Os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia queriam sanar essa dúvida.
Assim, eles analisaram dados de 323 pacientes ― cadastrados antes da pandemia num grande banco de dados de saúde ―, 18 dos quais com câncer ativo, 49 com câncer em remissão e 256 sem câncer. Os dados foram ajustados para informações demográficas, índices de tabagismo e comorbidades, e então foi possível associar de forma independente o diagnóstico de câncer com uma chance maior de hospitalização e de morte após 30 dias.
Não se trata apenas de “pacientes hospitalizados ou em tratamento … todos os pacientes oncológicos precisam tomar precauções significativas durante a pandemia para se proteger“, pesquisadora sênior Kara Maxwell, MD, PhD, hematologista/oncologista e professora assistente na Perelman School of Medicine, da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, Pensilvânia.
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Além do comportamento padrão para todas as pessoas durante a pandemia, tais como usar máscara sempre que estiver fora de casa, lavar as mãos regularmente etc., a prevenção da COVID-19 em pacientes oncológicos deve envolver os seguintes cuidados:
- Antes da visita ao consultório médico, o(a) paciente oncológico(a) deve ser questionado(a) sobre sintomas e contatos pessoais que teve nos últimos dias;
- Ao entrar no consultório, sua temperatura deve ser verificada;
- A máscara deve ser usada o tempo todo por todos os presentes;
- A consulta deve ser realizada sem contato físico;
- Em caso de internação, o número de visitantes deve limitado;
- Se o diagnóstico de COVID-19 for confirmado, o(a) paciente deve ser tratado(a) em uma área reservada do hospital para pacientes de COVID-19.
Os autores do estudo também acreditam que pacientes em tratamento de câncer ou em remissão devem fazer parte dos grupos prioritários no programa de vacinação contra o coronavírus.