O estudo ACCURE (Accountability for Cancer Care through Undoing Racism and Equity), apresentado em 2021 na Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia de Radiação (ASTRO), tinha como objetivo resolver disparidades – comprovadas historicamente – entre negros e brancos no tratamento de câncer de mama e pulmão em estágio inicial.
Os especialistas analisaram pesquisas anteriores que sugeriam que pessoas negras com esses tipos de câncer eram menos propensas a completar a radioterapia do que pessoas brancas. Por isso, suas taxas de sobrevivência de 5 anos (após o diagnóstico) eram comprovadamente piores.
Como o estudo foi realizado?
Para as conclusões da pesquisa, foram analisados o histórico de 1.413 pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão ou mama em estágio 0, I e II, entre 2013 e 2015, e 2.016 pessoas diagnosticadas entre 2007 e 2011.
O primeiro passo foi identificar os problemas que impediam as pessoas de completar a radioterapia para conseguir oferecer soluções e melhorar os resultados. Com isso, pode-se eliminar a diferença nas taxas de sobrevivência de 5 anos entre as duas raças.
As mudanças no sistema de apoio
Dentre as soluções e mudanças no sistema de apoio às pessoas em tratamento que foram implementados estavam:
- Alertas automáticos no sistema de registro eletrônico de saúde caso um paciente faltasse a uma consulta ou não atingisse um marco no atendimento esperado.
- A adição de uma enfermeira treinada em barreiras específicas da raça para ajudar as pessoas a superar obstáculos ao atendimento, como resposta ao alerta.
- O acréscimo de um médico nomeado como médico campeão, que oferecia feedbacks sobre a raça e a conclusão do tratamento para as equipes de saúde.
- Sessões regulares de treinamento sobre equidade em saúde para membros da equipe de saúde.
Conclusão
Após essas mudanças, os pesquisadores compararam as taxas de sobrevivência de 5 anos e os resultados foram muito positivos. Para o câncer de mama, os índices chegaram a:
- 91,36% para pessoas brancas e 89,44% para pessoas negras diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial entre 2007 e 2011
- 93,92% para as pessoas brancas e 93,96% para pessoas negras diagnosticas entre 2013 e 2015.
De acordo com um dos autores do estudo, Matthew Manning, MD, oncologista de radiação e chefe de oncologia da Cone Health na Carolina do Norte, o segredo dessa redução da diferença das taxas foi analisar os casos de perto e viabilizar sistemas que conseguiam resolver as barreiras internas e externas das instituições de saúde.
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A radioterapia é um tratamento aplicado diretamente na mama, que utiliza radiação ionizante para atingir as células cancerígenas que se reproduzem rapidamente e destruir a sua estrutura molecular. Por isso, como o próprio estudo ACCURE sugere, concluir todas as sessões é essencial para um bom prognóstico.
Ao planejar seu tratamento, converse com seu médico para entender sua duração, que pode ser de 5 a 7 semanas ou, nos casos mais acelerados, de 3 a 5 semanas. Assim, é possível organizar sua rotina pessoal e de trabalho de acordo com o tempo e a ajuda que for necessária.
Caso enfrente efeitos colaterais como os de apetite e os da pele, que são os mais comuns, o profissional também poderá orientar sobre as medidas existentes que podem ajudar a aliviá-los.