As isoflavonas da soja já despertaram algumas polêmicas quando o assunto é câncer de mama. Isso se dá pelo fato de que alguns estudos anteriores sugeriam que a substância poderia ter algum impacto na evolução do quadro de pacientes já diagnosticadas com a neoplasia mamária.
Por outro lado, nem toda investigação oferece respostas negativas assim. Prova disso é um trabalho publicado no primeiro semestre de 2024. Ele reuniu evidências sobre o tema e concluiu que, na verdade, esse elemento pode contribuir para reduzir o risco de recidivas e mortalidade pela doença.
O que se sabe sobre o consumo de compostos de soja entre pacientes com câncer de mama?
Entre outras substâncias naturais, a soja é rica em isoflavonas. Em resumo, ele pode agir como uma “versão” mais fraca do estrogênio. Resumidamente, esse hormônio presente no corpo feminino está envolvido na multiplicação das células malignas em muitos casos de câncer de mama.
A partir disso, vários estudos investigaram a possível conexão entre o consumo de soja e a doença. Muitos deles trouxeram resultados que causaram certa polêmica, principalmente por conta das conclusões obtidas através de experimentos feitos com animais (geralmente ratos).
Em muitos casos, os roedores expostos às isoflavonas (em grandes quantidades, cabe ressaltar) apresentavam um risco maior de desenvolver câncer de mama.
Todavia, além da alta concentração do composto oferecido aos animais dos estudos, é preciso reforçar que nem sempre é possível extrapolar o que acontece com essas cobaias para a forma como o organismo humano funciona.
Nesse contexto, outras pesquisas mostraram que embora seja similar ao estrogênio, as substâncias presentes na soja não tinham qualquer influência sobre os prognósticos de um câncer de mama. No mais, em algumas circunstâncias parecia ser o contrário: elas poderiam reduzir a probabilidade de desfechos negativos.
O que o novo estudo acrescenta ao tema?
Diante dos resultados controversos, os autores do artigo destacado na introdução resolveram se debruçar sobre as evidências disponíveis para dar uma resposta a essa questão.
Esse tipo de estudo recebe o nome de metanálise. Tal método tem como objetivo revisar e combinar os resultados de pesquisas anteriores para determinar o que é possível afirmar sobre certo tema.
Assim sendo, os autores agruparam os dados de 22 estudos que reuniram quase 81 mil mulheres recebendo tratamento ou com histórico de câncer de mama.
Metade desses estudos se concentrava na análise dos compostos de soja, em especial a isoflavona. Os demais focaram a atenção em outras substâncias presentes em frutas, sementes, vegetais diversos e folhas de chá verde.
No fim, foi possível concluir que a isoflavona estava associada de forma relativamente forte a uma redução de até 26% no risco de recidiva de um câncer de mama. Contudo, tal relação só foi notada em pacientes na pós-menopausa e com tumores receptores hormonais positivos.
Como referência para obtenção desses benefícios foi utilizado um consumo de 60 mg por dia de isoflavonas. Esse montante pode ser obtido por meio da ingestão de um copo de leite de soja, três pedaços de tofu ou meia xícara de soja cozida.
Ao mesmo tempo, fibras como a enterolactona (comum em muitos vegetais) e compostos presentes no chá verde apresentaram resultados menores. Isso significa que eles não têm evidências tão fortes quanto aqueles observados no caso das isoflavonas.
De que forma tais resultados influenciam na prevenção e no tratamento do câncer?
As conclusões do estudo são interessantes principalmente para demonstrar que os benefícios do consumo de soja provavelmente superam os seus riscos entre essas pacientes. De todo modo, é preciso sempre ter em mente que nenhum alimento ou dieta é capaz de, por si só, prevenir ou tratar um câncer de mama.
Diante disso, o mais importante é manter uma alimentação equilibrada em todas as fases da vida, independentemente de qualquer diagnóstico. Para isso, vale sempre considerar recomendações como:
- Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em gordura, sal e açúcar e diversos aditivos.
- Investir em refeições compostas de vegetais, cereais (de preferências integrais), leguminosas e proteínas magras.
- Dar preferência a laticínios e derivados com pouca gordura.
- Incluir na dieta fontes de gorduras saudáveis, como óleos vegetais e azeites.
- Minimizar o consumo de álcool.
Dessa forma, independente do consumo das isoflavonas da soja, você obtém os benefícios de uma alimentação saudável não apenas na prevenção do câncer, como para a saúde como um todo.
Entenda agora o papel da prática regular de exercícios físicos na redução do risco da doença.