Cerca de 70% das mulheres em estágio inicial de câncer de mama poderiam ser poupadas da quimioterapia após cirurgia. Esta é a conclusão de um estudo divulgado na revista New England Journal of Medicine e apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) de 2018.
Batizado de TAILORx, o trabalho analisou mais de 10 mil mulheres com idades entre 18 e 75 anos. Elas tinham um tipo de câncer de mama muito comum ao ter um diagnóstico precoce, que é o câncer de mama inicial de receptor hormonal positivo, receptor HER2 negativo e negativos para linfonodos axilares.
Como é feito o tratamento atualmente?
Hoje em dia, a maioria das pacientes é aconselhada a se tratar com quimioterapia associada com a hormonioterapia após a cirurgia. Isso porque a quimioterapia é um tratamento mais agressivo, que bloqueia a multiplicação de células cancerígenas. Porém, seus efeitos colaterais podem afetar o bem-estar das mulheres, provocando náuseas, vômito e queda de cabelo.
Como a quimioterapia pode ser evitada?
Em busca de encontrar tratamentos mais assertivos e que não prejudiquem a qualidade de vida da paciente com câncer de mama, os pesquisadores acompanharam o pós-operatório e realizaram um teste genético nas pacientes.
Com isso, eles puderam limitar a quimioterapia para 30% das mulheres que participaram do estudo. Elas tinham tumores mais agressivos e poderiam se beneficiar da quimioterapia.
O que mostra o teste genético?
Os pesquisadores utilizaram o Oncotype DX, que mapeia 21 genes e é feito em uma amostra do tecido tumoral. Ele fornece dados prognósticos sobre o risco de recidiva do tumor, mede o grau de agressividade e calcula o grau de benefício que a quimioterapia pode trazer.
A partir do teste, foi possível verificar com mais precisão quem se beneficiaria da quimioterapia. Infelizmente, este exame ainda é caro e pouco acessível no Brasil.
Qual é a alternativa à quimioterapia?
Ao fazer o teste genético depois da cirurgia, o estudo diz que a paciente tem a alternativa de usar somente drogas que bloqueiam a produção de estrogênio. Mas, cada caso deve ser sempre analisado com cautela, para verificar o melhor tratamento.
“Poderemos poupar centenas de milhares de mulheres de um tratamento tóxico e agressivo que, na realidade, não as beneficia”, afirmou ao New York Times a médica Ingrid A. Mayer, da Vanderbilt University Medical Center, uma das autoras do estudo.