Já conhecida como um fator de risco para condições cardiovasculares, diabetes e outras complicações potencialmente graves, a síndrome metabólica foi o foco de um estudo publicado em meados de 2024 no periódico Cancer para entender eventuais associações com o câncer de mama após a menopausa.
Em resumo, os pesquisadores concluíram que mulheres com essa síndrome tinham um risco 44% maior de morrer por conta de um tumor maligno na mama e um risco 53% maior de vir a óbito por qualquer outra causa depois do diagnóstico do quadro oncológico.
O panorama da influência da síndrome metabólica no desfecho de casos de câncer de mama
Os dados apresentados reuniam informações de 68 mil mulheres que já haviam passado pela menopausa e não possuíam histórico prévio de câncer mamário.
A partir dos fatores considerados na composição de um quadro de síndrome metabólica e obesidade, essas mulheres foram classificadas em três grupos – 0, 1-2 e 3-4 – que se diferenciavam por:
- grupo 0: não apresentavam nenhum indicador de síndrome metabólica;
- grupo 1-2: apresentavam um ou dois indicadores;
- grupo 3-4: manifestaram três ou quatro das alterações (incluindo aumento da circunferência abdominal, colesterol, hipertensão e diabetes).
Para as análises desejadas, foi realizado um acompanhamento médio de 20 anos. O objetivo era documentar todos os casos de câncer de mama, os resultados obtidos e como a síndrome metabólica parecia influenciar nesses desfechos.
No total, foram identificados 4.562 casos na amostra do estudo. Como consequência da doença, 659 pacientes faleceram e outras 2.073 morreram após o diagnóstico, mas não necessariamente devido ao tumor.
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As conclusões centrais obtidas pelo levantamento
Nesse contexto, os pesquisadores concluíram que níveis 3-4 de síndrome metabólica estão fortemente associados a uma maior mortalidade por câncer de mama mesmo depois que o quadro é tratado.
Adicionalmente, os prognósticos de tumores receptores de estrogênio positivos e progesterona negativos apresentam piora nessas circunstâncias. Por outro lado, a presença da síndrome metabólica não influenciou na quantidade total de casos de câncer.
No mais, os autores sustentaram que:
- mulheres com uma pontuação mais alta da síndrome metabólica tinham maior probabilidade de serem diagnosticadas com câncer de mama com receptor de estrogênio positivo e receptor de progesterona negativo;
- aquelas com obesidade (considerando um recorte de IMC em 30 ou superior) tinham maior chance de serem diagnosticadas com câncer de mama com receptor de estrogênio positivo e receptor de progesterona positiva;
- já pacientes com obesidade grave (IMC de 35 ou superior) tinham maior possibilidade de morrer de câncer de mama do que mulheres com IMC mais baixo.
Em resumo, isso permite concluir que a síndrome metabólica e a obesidade influenciam o desenvolvimento e a progressão do câncer de mama, mas de maneiras distintas.
As características centrais da síndrome metabólica
Segundo os atuais critérios diagnósticos, considera-se um quadro de síndrome metabólica quando são identificados três ou mais dos seguintes fatores:
- aumento da circunferência abdominal, devido ao acúmulo de gordura nesta região, sendo as medidas superiores a 102 centímetros para homens e 92 para mulheres;
- aumento do colesterol LDL, o “ruim” (igual ou acima de 150 mg/dL);
- diminuição do colesterol HDL, o “bom” (igual ou abaixo de 40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres);
- hipertensão arterial (ultrapassando 13 por 8 ou que necessite de medicação para controle);
- elevação da glicemia (ou seja, da concentração de açúcar no sangue) considerando um valor de referência de 100 mg/dL em jejum.
Geralmente, a síndrome metabólica é consequência da interação de diversos aspectos, desde predisposição genética até hábitos inadequados, como sedentarismo e alimentação desbalanceada.
Como esses resultados devem orientar o cuidado com a saúde da mulher
A publicação é mais uma contribuição sobre o modo como médicos e mulheres, principalmente aquelas sob alto risco de desenvolver um câncer de mama, devem lidar com as preocupações necessárias para fortalecer a prevenção.
Logo, esses dados devem reforçar a importância do monitoramento e do controle adequado de fatores associados ao desenvolvimento da síndrome metabólica e da obesidade.
Entre outros pontos, isso pode incluir mudanças no estilo de vida e, se necessário, determinadas intervenções medicamentosas capazes de reverter os desequilíbrios metabólicos.
Assim, manter o peso sob controle, controlar a circunferência abdominal e tomar as medidas necessárias para manejar pressão, colesterol e glicemia devem estar no radar, também com o objetivo de mitigar os riscos associados à conexão entre síndrome metabólica e câncer de mama.
Aproveite e confira agora mais informações sobre como a obesidade pode agravar o câncer de mama, conforme aponta estudo conduzido por brasileiros.