Muito se fala sobre a alimentação de uma paciente com um tumor na mama, mesmo depois que ela alcança a remissão da doença. No entanto, ainda não se sabe ao certo como os hábitos alimentares afetam a sobrevida ou mesmo a chance de a doença voltar. Nesse contexto, um estudo publicado em julho de 2023 tentou responder se há uma relação entre uma dieta low carb (baixa em carboidratos) e câncer de mama, levando em conta indicadores de mortalidade.
No fim, os pesquisadores concluíram que uma dieta com restrição no consumo de carboidratos e rica em alimentos provenientes de vegetais pode contribuir para reduzir a mortalidade por todas as causas, ainda que não pelo câncer de mama isoladamente.
Os detalhes sobre o estudo e as suas conclusões
O estudo em questão acompanhou os hábitos alimentares de pouco mais de 9 mil mulheres. Todas elas haviam sido diagnosticadas com câncer de mama de estágios I, II ou III.
A partir disso, as participantes da pesquisa responderam questionários em que incluíam informações sobre seu consumo de carboidratos (como pães, massas, entre outros), alimentos de origem animal ou à base de plantas. Com essas informações, os pesquisadores calcularam um score, permitindo dividir as participantes do estudo conforme o padrão da dieta.
Assim, dentro da amostra avaliada havia o grupo que consumia poucos carboidratos, o que seguia uma dieta considerada low carb acompanhada de uma alimentação rica em alimentos de origem animal, e o que seguia uma dieta low carb, mas rica em alimentos de origem vegetal. As mulheres, independente da alimentação, foram seguidas pelo tempo médio de 12,4 anos.
Ao final do período do estudo, foram constatados 1269 óbitos devido ao câncer de mama. Ao mesmo tempo, registrarem-se 3850 mortes por outras causas. A análise das causas das mortes permitiu concluir que mulheres que seguiam dietas low carb e ricas em alimentos de origem vegetal apresentaram uma menor taxa de mortalidade por todas as causas.
No entanto, esse comportamento não fez diferença quando o recorte avaliado era a mortalidade por câncer de mama. Ou seja, como já mencionado, isso significa que seguir uma dieta low carbnão alterou a sobrevida (os anos vividos depois do diagnóstico) de pacientes com a doença.
Por outro lado, os dados do estudo permitiram indicar a associação de um pequeno incremento no consumo de proteínas magras (como aqueles provenientes de plantas ou determinados tipos de carne) em substituição aos carboidratos com a redução tanto da mortalidade por todas as causas quanto por aquela provocada pelo câncer de mama.
O que isso pode indicar na prática para pacientes com câncer de mama
Ainda assim, os responsáveis pela pesquisa indicam que os resultados demonstrados podem orientar a diminuição do consumo de carboidratos. O alerta vale principalmente para aqueles provenientes de alimentos ricos em açúcar adicionado (como bebidas açucaradas, por exemplo). Entretanto, cabe ressaltar, que não é fácil nem indicado remover por completo os carboidratos da dieta. Eles são uma fonte essencial de energia para todo o organismo.
Seja como for, a resposta para esse tipo de dúvida levantada pela pesquisa pode orientar escolhas melhores no período após o tratamento. Isso, em tese, pode contribuir com uma menor probabilidade de recidivas. Outros benefícios passam pela redução de problemas de saúde que estão relacionados à uma alimentação inadequada e que também podem afetar a qualidade de vida e a longevidade.
De todo modo, o estudo discutido aqui apresenta algumas limitações. Além da amostra ser desequilibrada e não representar todos os recortes demográficos da população, outros fatores de risco capazes de ampliar a mortalidade podem confundir os resultados.
Seja como for, independente da relação entre dieta low carb e câncer de mama, as pacientes diagnosticadas com a doença podem obter junto a seus médicos orientação sobre como estabelecer uma rotina saudável durante e depois do tratamento. Em geral, controlar o peso, a partir de uma dieta equilibrada e da prática regular de exercícios físicos, costuma ser a principal recomendação. Deixar de fumar e reduzir o consumo de álcool representam mudanças importantes.
Para fortalecer a prevenção, veja como o consumo dos chamados alimentos ultraprocessados pode estar associado a um maior risco de desenvolver um câncer de mama.